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sábado, 29 de outubro de 2016

CHEGAMOS!


Meus caros amigos, nós conseguimos! Atingimos nossa meta e asseguramos a publicação do nosso livro "Meu Velho Chico - um rio pede ajuda"! Agora poderei cumprir minha promessa de entregar a cada comunidade ribeirinha um exemplar autografado da história que vivi por 99 dias no rio São Francisco!

Quero agradecer a todos vocês que acreditaram em meu sonho e remaram comigo durante esses 70 dias, mobilizando seus melhores amigos e construindo essa grande corrente de solidariedade que financiou o livro!

De agora em diante vocês fazem parte de meu projeto e terão seus nomes gravados indelevelmente nas páginas de minha própria história! Muito obrigado! Jamais me esquecerei disso!


sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Ele sobreviveu para contar essa história!


"Existem pessoas que nasceram para medir o imensurável. 

João Carlos é uma delas, cujo espírito livre, em algum momento da vida, aflorou e tomou conta da sua vida para todo o sempre, mudando, sobretudo, sua visão, que agora enxerga uma janela tão vasta que dela pode-se ver o mundo.

Nas conversas, durante as escaladas em que juntos repartimos a corda, João Carlos me falara do seu projeto de remar solitário pelo São Francisco e depois escrever o livro. Foi com grande satisfação que soube de sua partida e acompanhei a expedição de um homem que não só buscava a aventura, mas perseguia, acima de tudo, em sua jornada, entender a alma do rio, que a ele se mostrou.

E, nas páginas do livro, João Carlos nos presenteia com suas descobertas, impressões, sentimentos, alegrias e tristezas sobre os dias em que passou nas águas do mítico São Francisco."

Eliseu Frechou
Guia de Montanha

Não deixe esta história morrer.
Você pode fazer parte dessa história juntando-se ao grupo de patrocinadores voluntários.



Assegure o seu exemplar autografado e eternize seu nome nas páginas do "Meu Velho Chico - um rio pede ajuda"! Este livro não será vendido em livrarias. Apenas aqueles que colaborarem com sua publicação, além das comunidades ribeirinhas do rio São Francisco irão receber este livro!

Entre no site da campanha para publicação do "Meu Velho Chico" e ajude a fazer este livro virar realidade: https://www.kickante.com.br/campanhas...

domingo, 2 de outubro de 2016

SETE ANOS DECORRIDOS DA EXPEDIÇÃO!


Meus caros amigos,

No dia 7 de dezembro completam-se 7 anos desde que eu terminei a minha expedição pelo rio São Francisco.

É difícil explicar as dificuldades que envolvem uma viagem dessa natureza, que começam com o planejamento.

Foram cinco meses de preparação. Em primeiro lugar, conhecer a dimensão do problema: percorrer 2.700 km a remo, sem nenhuma companhia e sem apoio terrestre. Depois, encontrar um construtor de canoas que atenda às necessidades e tenha flexibilidade para adaptar a embarcação para as características do rio em que vamos navegar. E a capacitação para conduzir essa canoa.

Seguem outras dificuldades: a lista exaustiva de tudo que será indispensável para a aventura; a obtenção dos recursos financeiros; o estudo detalhado do percurso, com todas as possíveis dificuldades a serem superadas; a análise das melhores condições meteorológicas e períodos do ano para a navegação; o tipo, a variedade e as quantidades de alimentos a serem levados... e assim por diante.

A realidade foi muito diferente dos planos! Faltaram patrocinadores, faltou dinheiro, muitas das dificuldades não foram previstas. Mas, em compensação, o povo que eu encontrei no rio foi extremamente acolhedor e generoso! Em todos os lugares fui recebido com atenção e respeito que eu nunca imaginei existir nesse Brasil caboclo! E isto compensou todas as adversidades!

Agora, passados esses sete anos, ainda não consegui viabilizar o meu projeto, pois faltaram recursos e patrocínios para a publicação de meu livro. De que adianta terminar uma expedição dessa natureza e magnitude se eu não posso divulgar a história dessa façanha, se eu não posso compartilhar meus conhecimentos a respeito do rio São Francisco?

Por isso, mais uma vez recorro a vocês, amigos que já me conheciam e aqueles que encontrei nessa imensa rede de relacionamento, parentes meus e colegas e ex-colegas de trabalho, para que me concedam a oportunidade de finalizar o meu projeto.

Eu sei que o momento em que vivemos é muito difícil para todos nós, mas a Cultura, o Conhecimento não podem parar de evoluir. Em novembro de 2015, há quase um ano, passei pela pior experiência de minha vida: um infarto agudo do miocárdio quase me levou a vida. Felizmente, e graças à generosidade de alguns, e competência de especialistas, eu sobrevivi. Perdi mais de 50% da capacidade cardíaca para bombear sangue para o meu corpo, mas estou vivo!

Esse fato mudou minha percepção do sentido da vida. E, por essa razão, decidi retomar o projeto de publicar o livro sobre a Expedição Velho Chico. Juntei forças e vontade, procurei alternativas e decidi fazer esta campanha! Pensei: muitos conhecem minha luta incansável pela preservação do meio ambiente, pela proteção dos povos indígenas e pela ética e dignidade do ser humano. Eu acredito na solidariedade de meus amigos! E espero, sinceramente, que vocês não vão deixar de me apoiar nesse que talvez seja o último trabalho que realizarei em minha vida...

Não deixem morrer esse trabalho intenso e honesto. Façam sua contribuição! Por apenas cem reais vocês estarão assegurando a publicação do livro e o recebimento de um exemplar autografado!

Acessem:
http://www.kickante.com.br/campanhas/producao-do-livro-meu-velho-chico

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Produção do livro "Meu Velho Chico"




Crowdfunding é uma iniciativa fantástica, democrática e justa de se viabilizar um projeto sem ter que depender de um governo ou de grandes empresas. Quem financia o projeto são nossos amigos e familiares, que conhecem o nosso trabalho e o compromisso que temos com as causas que defendemos.

Como vocês sabem, minhas causas são o AMBIENTALISMO e os POVOS INDÍGENAS! E nada mais coerente e compatível com essas causas do que a EXPEDIÇÃO que realizei em 2009 pelo rio SÃO FRANCISCO!

Meu livro relata justamente os problemas que esse fantástico rio enfrenta diante da devastação cada vez mais intensa, provocada pela exploração descontrolada de nossos recursos naturais, seja pelo desmatamento de suas margens, pelas hidrelétricas mal planejadas, e agora pela transposição de suas águas, irresponsavelmente construída numa das piores crises hídricas que o Velho Chico está sofrendo. Mas o livro fala também de um povo encantador, hospitaleiro e simples, que me acolheu em suas casas, generosamente, sem sequer me conhecer! Jamais me esquecerei dessa gente humilde e pura!

E é a essa generosidade que eu agora recorro, a vocês que me acompanham aqui, em minhas manifestações, sinceras e emocionadas, para viabilizar o meu projeto! A cada doação acima de 100 reais, sendo publicado o livro, enviarei um exemplar autografado como retribuição. Para que isso seja possível, ao efetuar a doação, não se esqueçam de preencher todos os dados de identificação, principalmente seu nome, telefone e endereço completo.

Hoje é o segundo dia de campanha. Eu e Armando Gonçalves Junior fomos os únicos canoeiros a percorrer toda extensão do rio São Francisco, da nascente até a foz, um percurso de 2.700 quilômetros. Mas não é apenas o aspecto de aventura que nos motivou, embora tenha sido a maior aventura de minha vida. Foi a grandiosidade do rio, a diversidade cultural dos povos ribeirinhos, a gravidade dos conflitos fundiários e a tristeza de ver esse gigante agonizando diante da falta de ações governamentais efetivas para sua revitalização!

Hoje, o que me motiva a perseverar na publicação do meu livro é saber que precisamos mobilizar a opinião pública, conscientizando a todos sobre a necessidade inadiável de preservação da natureza. No livro, eu relato minha visão desse rio mágico e inesquecível e sua população generosa e carente de atenção do Estado brasileiro... A novela "Velho Chico" mostra essa realidade de forma romanceada, mas eu estive lá! Vivi cem dias remando em suas águas! Convivi com os ribeirinhos! Dormi em suas casas e me alimentei de sua comida e de suas histórias! Senti na pele e na carne os seus problemas!

É disso que falo em meu livro! É para tornar público o meu relato que peço a ajuda de vocês! Colaborem com meu projeto doando qualquer quantia, pois tenho certeza que é para uma causa nobre. Não quero ganhar dinheiro com a publicação do livro, mas apenas levar adiante a palavra de um povo sofrido e oprimido por grandes latifundiários e pelas obras irresponsáveis de tantos governos corruptos que se aproveitam da miséria dessa gente para se enriquecer desonestamente!

É meu compromisso doar cada centavo que eventualmente ganhar com o livro para as populações ribeirinhas! Ao término dessa jornada levarei pessoalmente três exemplares para cada comunidade que me acolheu! Entregarei a cada um minha mensagem de esperança, que terá sido construída com a ajuda de todos vocês! Serei grato a todos que colaborarem com essa missão!


Para fazer sua doação, clique aqui: 
Expedição "Meu Velho Chico" - campanha para publicação do livro
  

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Já estão secos ou intermitentes 70% dos córregos e ribeirões que alimentam o Velho Chico

Represa de Sobradinho, na Bahia, atinge pior nível da história, revelando proporção da crise que obriga Três Marias a manter altas vazões e se alastra até a nascente. 70% dos pequenos afluentes sumiram

Agricultor caminha pelo leito do Verde Grande, um dos principais afluentes da Bacia: até poços profundos, que costumavam resistir, já evaporaram (foto: Credito Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)

A situação alarmante da represa de Sobradinho, na Bahia, que atingiu na segunda-feira 4,96% de seu volume útil, o menor índice da história desde a inauguração, em 1979, chama a atenção para o quadro crítico da Bacia do Rio São Francisco. Em Minas Gerais, estado que fornece cerca de 72% dos recursos hídricos do Velho Chico, o drama da falta de água se espalha da nascente até a divisa com o território baiano. Importantes tributários tiveram drástica redução de volume e estima-se que, dos afluentes de menor porte, a maior parte esteja completamente seca ou intermitente, espalhando paisagens desoladoras por todo o estado. Ainda há o temor de que o reservatório de Três Marias, o maior em terras mineiras, atinja nível crítico, diante da grande diferença entre o volume que entra e o que vem saindo do lago.

A represa recebe hoje 60 metros cúbicos de água por segundo (m3/s), enquanto libera 500m3/s. A vazão é uma determinação da Agência Nacional de Águas (ANA) e, segundo a Cemig, operadora da Usina Hidrelétrica de Três Marias, tem como objetivo não prejudicar Sobradinho. Em reunião ontem, em Brasília, a ANA decidiu que esse volume, que se mantém desde 29 de setembro, vai continuar pelo menos até o fim do mês que vem. Atualmente, a represa está com 15% de seu volume total. Nova queda drástica do nível, como ocorreu no ano passado, pode comprometer ainda mais o processo de recarga nos próximos anos.



A secretária da Câmara Consultiva do Alto São Francisco e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Entorno da Represa de Três Marias, Silvia Freedman, sustenta que cerca de 70% dos riachos, ribeirões e córregos que brotam em Minas e deságuam no Rio São Francisco e nos maiores afluentes estão completamente secos ou apresentam grande intermitência. Como 72% da bacia é formada no estado, o secamento dos tributários se reflete diretamente em todo o rio, com repercussões como a observada em Sobradinho. Ontem, a ANA também definiu que a vazão mínima da represa baiana, hoje em 900m3/s, será prorrogada até o fim de novembro. Nova avaliação ocorrerá no mês que vem, mas já foi emitido alerta para a possibilidade de redução no volume liberado pelos reservatórios.

“Com o secamento das nascentes, os tributários do São Francisco não estão sendo alimentados e o rio, consequentemente, deixa de cumprir a função de fornecer água para as comunidades. A afluência chegou a níveis muitos baixos. Nunca se viu na história uma situação dessa gravidade”, alerta Silvia, lembrando que até grandes afluentes do Velho Chico em Minas ficaram ou ainda estão completamente secos, como os rios Jequitaí, Pacuí e Verde Grande, todos no Norte do Minas. O Rio Abaeté (Centro-Oeste), outro importante afluente, também tem vazão bastante reduzida.

AGRAVANTES

O secretário-executivo do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Maciel Oliveira, demonstra preocupação com os processos erosivos e com o desmatamento, comuns em território mineiro, principalmente pelo fato de Minas ser o estado considerado a caixa d’água do Velho Chico. “Se além deste período seco ainda tivermos um rio desprotegido, com certeza vamos ter problemas maiores. Sem a proteção dos locais de nascentes, por exemplo, não teremos como manter as áreas de produção da água”, afirma.
Fonte: Site Estado de Minas ( postado em 28/10/2015 06:00  )

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Testes de bombeamento no Projeto de Integração do Rio São Francisco



O governo federal iniciou os testes de bombeamento no eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco no momento em que o empreendimento está com 66,1% de suas obras concluídas. Para explicar melhor como foram feitos os testes, o Blog do Planalto conversou com o secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, Iranir Ramos.

“O teste consistiu em acionar os vários equipamentos, integrá-los eletronicamente, deixá-los todos conectados à nossa sala de controle integrada e, a partir dessa sala, nós demos partida ao motor do primeiro conjunto de bombeamento, que bombeou 4 metros cúbicos de água por segundo. Após subir a altura de 62 metros, equivalente a um prédio de 20 andares, a água começou a adentrar no canal, e esse canal conduz a água até o primeiro reservatório, passando por um aqueduto que está por cima de uma rodovia, e depois segue por mais 10 quilômetros de canal até chegar ao primeiro reservatório”, explica Iranir.

Ramos afirmou que o sucesso dos testes no eixo Leste garante o otimismo para os próximos desafios. “A partir do sucesso desse primeiro bombeamento, nós temos a certeza de que os próximos desafios vão ser cumpridos conforme a nossa perspectiva de tempo, de prazo e de custo. O teste foi bem sucedido, superou as expectativas. Tivemos o bombeamento na quantidade e na pressão necessária”, comemora.

O empreendimento garantirá a segurança hídrica de 12 milhões de pessoas do semiárido nordestino. Ao todo, o Projeto conta com seis estações de bombeamento no eixo Leste e três estações no eixo Norte, responsáveis por elevar a água do rio para canais posicionados em terrenos mais altos. O projeto tem 100% das etapas contratadas e previsão de conclusão das obras para o fim de 2015.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O VELHO CHICO ESTÁ MORRENDO!

O grande defensor do Velho Chico e das populações ribeirinhas, Dom Frei Luiz Cappio, já fez duas greves de fome contra as obras da Transposição. Ele sempre afirmou que o Velho Chico está morrendo! Agora, os fatos comprovam que ele estava com a razão! Agora, com a reeleição de #DILMA praticamente assegurada, o que poderemos esperar? Apenas o agravamento das agressões ao Meio Ambiente, perpetradas pelo Agronegócio, pelos Ruralistas, pelos Latifundiários da Soja e do Gado! E o povo nem mesmo percebeu que foi enganado durante os 12 anos do #PT no governo! Recebeu as migalhas dos programas assistencialistas do Bolsa Família, enquanto os latifundiários recebiam créditos bilionários e a juros subsidiados para continuar a expandir as fronteiras agrícolas do Brasil... em breve, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Amazônia serão apenas lembranças nas memórias dos idosos... até que eles também desapareçam...

Berçários das nascentes do Cerrado serão tombados

Bacia hidrográfica: corresponde à área drenada por um rio principal, seus afluentes e subafluentes, que formam, dessa maneira, uma rede hidrográfica. É usualmente definida como a área na qual ocorre a captação de água (drenagem) para um rio principal e seus afluentes devido às suas características geográficas e topográficas.

Oito das doze bacias hidrográficas do País são irrigadas pelo bioma Cerrado: as nascentes dos rios Tocantins, São Francisco e Araguaia, fortemente associadas ao agronegócio e à geração de energia, serão tombadas pelo governo como patrimônio nacional, restringindo usos que representam ameaças à sua conservação e à continuidade de tradições populares.

Nascentes serão tombadas pelo Iphan

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O conceito de nascente não se restringe a um olho d’água, mas a todo o perímetro que engloba a principal bacia de drenagem formadora do rio. A partir de imagens de satélite, mapas e dados de campo colhidos por técnicos da Agência Nacional de Águas [ANA], o processo de tombamento será finalizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a quem caberá a análise prévia de intervenções urbanas e empreendimentos econômicos na área.
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As quatro principais bacias hidrográficas do Brasil são: a bacia Amazônica, do Tocantins, bacia Platina (Paraná, Paraguai e Uruguai) e a bacia do rio São Francisco. Juntas, elas cobrem cerca de 80% do território brasileiro, porém de forma bastante irregular.

Cerrado, o berço das águas

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Por trás da aparência ressecada dos meses de inverno, quando a umidade do ar cai a níveis alarmantes em algumas regiões, o Cerrado esconde uma identidade secreta: o bioma é um gigantesco coletor e distribuidor nacional de água, crucial para o abastecimento das regiões Centro-Sul, Nordeste, do Pantanal e até partes da Amazônia. Um serviço ecológico gratuito que corre o risco de ser racionado por causa do desmatamento.

Das 12 bacias hidrográficas do País, 8 estão inseridas no Cerrado. A localização central do bioma, combinada com sua elevação topográfica e alta concentração de nascentes, faz com que ele funcione como uma caixa d’água. Cerca de 94% da água que corre na Bacia do Rio São Francisco em direção ao Nordeste brota no Cerrado – apesar de apenas 47% da bacia estar dentro do bioma, segundo cálculos da Embrapa. Reportagem de Herton Escobar, enviado especial, no O Estado de S.Paulo.

No caso do sistema Araguaia-Tocantins, que corre para o Norte e vai desaguar no Pará, 71% da água da bacia nasce no Cerrado. A proporção é a mesma para o conjunto das Bacias do Paraguai e do Paraná, que drenam grandes áreas do Centro-Sul. “O rio é só o encanamento superficial pelo qual a água corre”, diz o pesquisador Felipe Ribeiro, da Embrapa. “Mas onde a água nasce é no Cerrado. As besteiras que a gente fizer aqui em cima vão repercutir rio abaixo.”
E as besteiras já estão em curso. Estudos realizados pelo pesquisador Marcos Costa, da Universidade Federal de Viçosa, mostram que o desmatamento nas cabeceiras do sistema Araguaia-Tocantins aumentou a descarga dos rios em 25%, apesar de não ter havido mudanças nos índices pluviométricos da bacia. Ou seja: a quantidade de água nos rios aumentou, apesar de a chuva ter continuado igual.

Mais água, nesse caso, é má notícia. O problema é que o solo coberto por pastagens e lavouras absorve menos água do que o solo com vegetação nativa. Consequentemente, mais água escorre para os rios e é levada para fora do Cerrado, diminuindo a quantidade de umidade que fica disponível para os ecossistemas locais e a própria agricultura – além de aumentar o risco de enchentes para as comunidades que vivem rio abaixo.

Segundo Costa, se o desmatamento continuar, é provável que os níveis de precipitação no bioma também sejam afetados. “Acho que estamos próximos do limite em termos climáticos.”

O problema mais sério que vamos ter daqui dez anos é com a irrigação”, diz o pesquisador Hilton Silveira Pinto, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp.


A sobrevivência do Pantanal depende diretamente da conservação do Cerrado



O Pantanal também está de olho no problema. Praticamente todos os rios que deságuam no bioma nascem no Cerrado. “A sobrevivência do Pantanal depende diretamente da conservação do Cerrado”, diz o ecólogo Leandro Baumgarten, da ONG The Nature Conservancy.
EcoDebate, 29/09/2009

"Quando se observa um mapa da rede hidrográfica do Brasil, percebe-se que no interior da região Centro-Oeste correm cursos fluviais para todas as direções. Por isso, o chamado Planalto Central é o mais importante dispersor de águas da rede hidrográfica brasileira. Quatro grandes bacias hidrográficas drenam áreas do Centro-Oeste de forma mais ou menos equivalente.

A primeira é a Bacia Amazônica que drena a parte centro-norte de Mato Grosso onde correm vários afluentes da margem direita do rio Amazonas, como os rios Xingu, Juruena e Teles Pires, entre outros. A porção leste de Mato Grosso, o centro-norte e o oeste de Goiás são atravessados pelos rios da Bacia do Tocantins-Araguaia. Já, o centro-sul de Goiás e o centro-leste e o sul de Mato Grosso do Sul são cortados pelos rios da Bacia do Paraná. Por fim, toda a parte sul de Mato Grosso e a porção noroeste de Mato Grosso do Sul são atravessados por rios da Bacia do Paraguai."
Geografia - Nelson Bacic Olic
Publicado em Caliandra do Cerrado

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Seca do São Francisco reduz vazão da represa de Três Marias


Represa de Três Marias tem o pior nível na história: proposta de reduzir a vazão gera reações rio abaixo

Proposta, que será votada nesta terça-feira, quer a redução dos atuais 160 metros cúbicos por segundo para 140m3/s a partir do início de outubro e para 120m3/s a partir de novembro

O Rio São Francisco chegou a um nível tão crítico – o pior da história –, que estão sendo adotadas medidas para garantir uma vazão mínima do curso d’água também em 2015. A movimentação indica que autoridades e ambientalistas já trabalham com a probabilidade de que a próxima estação chuvosa não será suficiente para normalizar a vazão. Como parte desse conjunto de providências, a Câmara Consultiva do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto São Francisco se reúne hoje com o objetivo de aprovar proposta para que a quantidade liberada pala represa de Três Marias seja reduzida de 160 metros cúbicos por segundo para 140m3/s a partir do início de outubro e para 120m3/s a partir de novembro. A sugestão já provoca reações de populações atingidas.

A secretária do comitê, Silvia Freedman, assegura que a proposta – que ainda será encaminhada ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) –, tem como objetivo garantir uma vazão mínima para o rio, além de manter água no reservatório de Três Marias, que está com apenas 5,3% de sua capacidade. “Se isso não for feito, o lago da usina vai secar e o rio, também. Estamos tomando essa decisão para evitar um colapso total”, justifica.

A ação defendida pelo comitê atende diretamente ao entorno do lago da usina de Três Marias, que abrange diretamente oito municípios. Por outro lado, provoca temor em comunidades rio abaixo, como ocorre no projeto de irrigação do Jaíba. O produtor Mario Borborema, que trabalha na área, afirma que, se a liberação da usina de Três Marias baixar a menos de 150m3/s, o nível do rio vai diminuir tanto que a captação de água pelo sistema de bombas do perímetro irrigado pode tornar-se inviável. “Isso pode levar a interrupção do projeto de irrigação”, alerta o produtor, acrescentando que, além de prejudicar a atividade de cerca de 2 mil agricultores, a situação atingiria cerca de 20 mil moradores do perímetro irrigado.

“Entendemos a preocupação do comitê em garantir a vazão do rio. Mas o lago de Três Marias ainda tem 5% de capacidade e estamos na iminência do início do período chuvoso”, disse. Ele lembrou que, por causa da estiagem, desde junho os irrigantes do Jaíba não iniciam novos plantios. “Já estamos dando a nossa cota de sacrifício e não podemos ser ainda mais prejudicados”, comenta.

O assessor jurídico da Prefeitura de Pirapora, Fidelies Morais, também questiona a proposta de reduzir a vazão de Três Marias. “Estudos do próprio ONS mostram que, se a fluência do rio ficar abaixo de 150m3/s, haverá danos ambientais ao rio”, argumentou, sem, no entanto, detalhar que ameaças seriam essas. Lembrando que a legislação estabelece prioridade de recursos hídricos para uso humano e animal, ele aponta falhas de planejamento na manutenção da hidrelétrica. “Infelizmente, nos anos anteriores só olharam a produção de energia, mantendo as seis turbinas funcionando ao máximo”, denuncia.

Já a secretária do Comitê do Alto São Francisco explica que as propostas da entidade consideram somente a necessidade de manter uma vazão mínima do Velho Chico, para que o abastecimento humano seja garantido no futuro. “Mesmo se ocorrerem bons índices de chuva de novembro a março, o problema da seca pode se repetir em 2015. Temos que adotar medidas preventivas.”

Procurados, a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) informaram que vão aguardar a chegada oficial das propostas do comitê de bacia para se manifestar. O Estado de Minas tentou, sem sucesso, ouvir representantes do ONS sobre o assunto.

Pior que o apagão


Com 1,1 bilhão de metros cúbicos de água, da capacidade total de 21 bilhões, o volume de Três Marias é o menor da história, segundo a Cemig, da operadora da usina. A companhia informou que amanhã enviará técnicos para reunião da ANA com integrantes do ONS, na qual pode ser decidida a redução da vazão das turbinas.

Ontem, a vazão de água da represa era de 160m3/s, mas o reservatório só recebia 40m3/s. Desde sábado o volume de água é de 5,3%. Em 2001, o ano do apagão no Brasil, o nível mínimo de armazenamento chegou a 8%. Na reunião de amanhã será discutida a redução gradativa da vazão. As turbinas podem funcionar até com o volume diário que chega à represa, mas as populações rio abaixo seriam prejudicadas.

Fonte: Correio Braziliense
Luiz Ribeiro / Landercy Hemerson

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Morte Anunciada: a tragédia do Velho Chico

A nascente do Velho Chico secou completamente, e sua vegetação desapareceu
Há mais de 10 anos fala-se sobre a morte do rio São Francisco. O bispo de Barra, na Bahia, Dom Frei Luiz Cappio, chegou a percorrer toda extensão do Velho Chico, alertando a população e as autoridades a respeito dos fatores que vinham destruindo, lentamente, as condições de sobrevivência do nosso grande "rio da integração nacional". Em duas ocasiões, Frei Cappio fez greve de fome contra a Transposição do rio, pretendida pelo Lula, ressuscitando um antigo projeto, ainda do tempo do Império, para levar as águas do Velho Chico para a Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, com promessas infundadas de que isso resolveria a seca do semiárido nordestino. 

Triste visão do rio São Francisco em Pirapora, Minas Gerais
Em 2004, Frei Cappio permaneceu em greve em uma capela próxima a Cabrobó, em Pernambuco, até que Lula prometesse rever o projeto e ouvir outras opiniões mais abalizadas de especialistas em Hidrologia, como Aldo da Cunha Rebouças, Aziz Ab'Saber e Milton Almeida dos Santos. A promessa foi quebrada e, com o início das obras em 2006, Frei Luiz Cappio entrou em nova greve de fome, desta vez na cidade de Sobradinho, na Bahia, às margens da represa, ficando 22 dias sem comer, e saindo de lá para um hospital, por determinação de seus amigos e seguidores.

Em 2009 percorri toda extensão do rio São Francisco, 2.700 km, remando sozinho desde sua nascente, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, até a sua foz, em Piaçabuçu, Alagoas, conhecendo a realidade do rio através de suas cidades e comunidades ribeirinhas. Passei 99 dias dentro das águas do Velho Chico, fiz palestras em todos os lugarejos e comunidades que visitei, alertando a população para os gravíssimos problemas que destruíam esse grande rio, como a poluição por agrotóxicos, resíduos industriais e esgotos domésticos sem tratamento, o desmatamento de suas margens e a destruição das nascentes de seus tributários, seja pelo desmatamento, ou pelo pisoteamento do gado, entre tantas outras causas de degradação.

Imagem da seca do rio São Francisco em Xique-Xique, na Bahia
Assim como Frei Luiz Cappio, minha voz também não foi ouvida. Nem sequer consegui publicar meu livro, que se encontra em meu site: "Expedição Velho Chico", que já teve quase 100.000 visitantes, mas nenhum editor. Vejo, às vezes, pessoas que passaram por algumas cidades do Velho Chico, e falam como se fossem especialistas em seu conhecimento, ganhando notoriedade gratuita nos meios de comunicação, e fico triste por não ter sido valorizado e reconhecido pela mídia, nem ter conseguido divulgar meu depoimento.

Agora, depois de tantas manifestações, o Velho Chico está, de fato, morrendo. Pela primeira vez em sua história, o rio São Francisco secou em sua nascente, e mostra sua terrível desolação em quase toda extensão de 2.700 quilômetros, a maior bacia hidrográfica brasileira, situada por inteiro em território nacional. É o rio mais importante do semiárido nordestino, única fonte de água doce perene em toda sua região de 640.000 quilômetros quadrados, do tamanho do estado da Bahia ou de Minas Gerais, maior do que a maioria dos países da Europa.

A maior seca da história do nordeste, prova definitiva das mudanças climáticas
Porém, não é apenas o rio São Francisco que está morrendo! Metade da Caatinga e do Cerrado brasileiros já foram transformados em latifúndios do agronegócio. Nesses dois biomas se encontra grande parte da flora medicinal do Brasil, que poderia ser uma importante fonte de recursos para o país, seja na possibilidade de geração de "royalties" para a indústria farmacêutica, seja pela utilização de medicamentos naturais, frutos da cultura popular regional.

A devastação de nossos biomas mais importantes está se acelerando, apesar das mentiras pregadas pelos políticos, que afirmam que o desmatamento estaria controlado. A Mata Atlântica já perdeu mais de 90% de toda sua riqueza natural, e a Amazônia, maior floresta tropical do mundo, segue no mesmo caminho, tendo perdido cerca de 25% de sua riquíssima flora e de sua fauna. E essa perda ocorre por várias causas: desmatamento para se transformar em pasto para o gado e em gigantescas plantações de soja, construção de hidrelétricas e estradas em plena selva, e assentamentos do INCRA.

A morte anunciada do rio São Francisco demonstra o descaso e o crime ambiental praticado pelo agronegócio e pelo governo federal, em sua infinita ambição de enriquecimento às custas de nossos incomparáveis recursos naturais. Essa tragédia anunciada será seguida de sucessivas novas tragédias nacionais, afetando o clima e as condições de sobrevivência de toda população brasileira, tanto pelo aquecimento dramático de nosso clima, como pela perda irreversível de nossos recursos hídricos, que ainda representam cerca de 12% de todas as fontes de água potável do mundo! É o maior crime ambiental, praticado por um único país, contra sua própria população. Uma estupidez!

Enquanto isso, o povo, iludido, ainda vota em massa em seus piores candidatos, perpetuando uma política colonialista que nos relegou um destino trágico e estúpido: de sermos os provedores de matérias primas e de produtos primários para um mundo em transformação e em processos de industrialização. Fornecemos carne de boi, soja, cana de açúcar, ferro, alumínio, em troca de produtos de alta tecnologia, como equipamentos eletrônicos.

Estamos chegando, rapidamente, no limite de resiliência (capacidade de recuperação) de nosso Meio Ambiente. Passado esse limite, o Brasil, gradualmente, se transformará em uma gigantesca savana seca e estéril. Regiões desérticas substituirão as florestas e as nossas gigantescas bacias hidrográficas. E até mesmo os ignorantes donos do agronegócio verão seus latifúndios se transformarem em terra seca e inútil para a lavoura.

Será esse o nosso destino final?

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Nascente do Rio São Francisco secou, afirma diretor de Parque

Pela primeira vez na história, a nascente do rio São Francisco, situada no Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, está completamente seca. O acontecimento é simbólico, mas não significa, necessariamente, que o curso do rio será interrompido mais adiante.

"Não afeta todo o rio porque ele é muito grande, tem outros tributários que vão ajudando a mantê-lo. A gravidade maior é a seca. É uma questão simbólica", diz o diretor do parque, Luiz Arthur Castanheira.

Segundo Castanheira, a falta de água na nascente do rio, que tem 2.700 km de extensão e atravessa seis Estados e o Distrito Federal, foi detectada por funcionários da unidade, que visitam o local diariamente. "O pessoal mais antigo aqui do parque está assustado [com a seca]", diz. O rio nasce a cerca de 1.200 metros de altitude, em um dos pontos mais altos do parque, que tem 200 mil hectares de área.

A água brota de diversos "olhos d'água" e pequenos riachos que formam a nascente do Velho Chico, como o rio é afetuosamente chamado. "Se a nascente seca, [o rio] vai ficar com pouca água até o primeiro desaguar de outro rio [no São Francisco]", explica o vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). Ele não soube dizer em que ponto isso ocorre.

A estiagem rigorosa não afeta somente a nascente. A represa de Três Marias (a 224 km de Belo Horizonte), a primeira do São Francisco, está com a vazão crítica. Segundo Soares, a vazão atual é de cerca de 60 m³/s, quando o esperado mesmo para épocas de estiagem é de 300 a 350 m³/s.

"Não choveu a quantidade esperada, mas há a necessidade de manter a vazão para a energia elétrica, o que diminui o reservatório", explica Soares. "Precisamos trabalhar com as pessoas e com as empresas para que seja feito o uso racional da água."

De acordo com o comitê, a previsão é que a situação seja normalizada com aumento no volume de chuva em meados de outubro. O Ministério Público Federal de Sete Lagoas (a 50 km de Belo Horizonte) investiga a situação do São Francisco e da represa. De acordo com a Promotoria, a estiagem está acima da média histórica, o que tem reduzido a quantidade de água liberada pela represa.

A principal nascente vem no rio Samburá, no município de Medeiros, na região Centro-Oeste de Minas. “Mesmo não sendo a maior, secar a nascente da Serra da Canastra é gravíssimo. É resultado da estiagem que começou em março do ano passado. E o pior é que essa águas não se recuperam apenas em um ano e ainda podemos ter uma surpresa em 2015, com a continuidade da estiagem. E aí, vamos fazer o quê?”, destaca o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda.

Na avaliação dele, a escassez de água no Velho Chico é fruto da política de monopolização do rio para a geração de energia. “A redução da vazão do reservatório de Três Marias para atender à geração elétrica está afetando os outros usos da água. O São Francisco é um rio de muita demanda, que pega 58% do polígono da seca, ou seja, a agricultura depende dele. É preciso ter coragem para mudar o modelo da matriz energética do país”, questiona.

“As autoridades precisam tirar do papel a política de revitalização do São Francisco. Foi prometido que, para cada centavo investido na transposição, o mesmo seria aplicado na recuperação do rio”, cobra Miranda.

Na beira do rio
Antônia das Graças Silva Santos, de 65 anos, é nascida e criada na região e é aposentada como funcionária do Parque Nacional. "Sempre visitei essa nascente, o escritório em que eu trabalhava fica bem perto dela. Sei que a água do rio diminuiu, mas secar a nascente não fiquei sabendo, isso nem pode acontecer. A gente fica com medo ao ver uma coisa desta, pois um rio tão importante não pode secar assim. Mas isso não vai acontecer não, a chuva virá, tenho esperança", disse. Ainda segundo ela, a falta de água está crítica para todo mundo.

Incêndio
O tempo seco também vem aumentando o número de focos de incêndio no parque - desde 20 de agosto, já foram registrados oito. O mais recente e mais grave ocorreu na sexta-feira (19), durou 48 horas e atingiu 10 mil hectares. Os campos próximos da nascente do São Francisco também foram afetados pelo fogo, segundo Castanheira.

"Isso é o que é o mais triste. [A nascente] está tão seca que não conseguimos nem pegar água para apagar o incêndio", relata o diretor, segundo quem há fazendeiros ateando fogo na vizinhança do parque em plena época de seca.

Três Marias
Apesar de a situação ser alarmante, muitos acreditam que tudo voltará ao normal após o período de chuvas. Essa é a opinião de Norberto Antônio dos Santos, vice-presidente da Organização Não Governamental (ONG) SOS São Francisco, localizada na cidade de Três Marias, na região Central do Estado, onde se encontra uma das represas do Velho Chico. "A Casca D'Anta (primeira cachoeira do rio) deve estar com um fiapo de água, mas não acredito que a nascente vá secar assim, não. Lá para o dia 10 de outubro já começa a normalizar a situação", acredita Norberto.

De acordo com ele, o nível da barragem está bem baixo, sendo que a entrada de água é de 50 m³ por segundo e a vazão é de 150 m³. "Se não fosse a barragem estaríamos recebendo só os 50m³, o que seria muito pouco", explicou.

sábado, 23 de agosto de 2014

Ministério Público acompanha situação do Rio São Francisco



Passeio no Vapor não tem data prevista para serem retomados. (Foto: Ivan Rodrigues/Ascom) - Fonte: G1 Grande Minas
O Ministério Público Federal divulgou nesta quarta-feira (13) a instauração de procedimento para acompanhar os problemas provocados pelo baixo nível de água no Rio São Francisco, na região da Usina Hidrelétrica de Três Marias, na região central de Minas Gerais.



Desde o mês de julho, o MPF participou de reuniões com representantes da região para coletar informações a respeito do problema. Outro encontro será realizado no dia 19, na sede da Agência Nacional das Águas, em Brasília (DF).

“Como desde 2011 as precipitações na bacia do Rio São Francisco estão abaixo da média e no período 2013/2014 está ocorrendo o pior resultado de chuvas das últimas décadas, o MPF também acentua a necessidade de que os órgãos responsáveis por gerenciar situações de calamidade pública estejam preparados para atuar caso haja agravamento da crise”, afirma o procurador Antônio Arthur Barros Mendes.


As obras inacabadas do PAC de DILMA e LULA
O baixo nível da água do Rio São Francisco provocou a suspensão dos passeios do barco a vapor Benjamim Guimarães em Pirapora, no Norte de Minas. A medida, segundo a prefeitura, é evitar acidentes com o transporte. Ainda segundo a prefeitura, esta é a primeira vez, desde 2002, que o vapor fica ancorado por prazo indeterminado por causa do baixo nível de água no Rio.

“A queda no volume de água do rio significa risco para a navegação, uma vez que as pedras podem comprometer o casco do vapor, que ainda corre o risco de ficar encalhado, tamanha a quantidade de bancos de areia”, justificou o presidente da Empresa Municipal de Turismo (Emutur), Anselmo Rocha de Matos.

Há cerca de três meses a cidade enfrenta problemas por causa do baixo nível de água do Rio. A situação piorou ainda mais após a Usina Hidrelétrica de Três Marias diminuir a vazão água liberada pela represa.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Problemas Ecológicos do Rio São Francisco

Durante 99 dias percorri a remo os 2.800 km do rio São Francisco em canoa canadense, acampando em suas margens, ou compartilhando a hospitalidade dos povos ribeirinhos. Meu primeiro objetivo nesta viagem era conhecer o rio como um aventureiro, sem outras preocupações senão enfrentar o desconhecido de forma autônoma. E nos primeiros 20 dias foi exatamente esta a percepção que tive desse majestoso rio, pois, em sua fase inicial, o que predominam são áreas pouco povoadas, matas ciliares bem preservadas e uma sucessão de pequenas corredeiras entremeadas com remansos.

Porém, logo as questões ambientais passaram a ser minha maior preocupação e cuidados, pois evidências começavam a aparecer no caminho, seja pela presença de gado às margens do rio, seja pela constatação de pesca predatória, ou mesmo a certeza de que fazendas às margens do rio estavam contaminando suas águas com o excesso de agrotóxicos utilizados nas plantações. Mesmo quando essas evidências não eram tão óbvias, os próprios ribeirinhos comentavam ocorrências de crimes ambientais: plantações de cana-de-açúcar onde o vinhoto era descarregado nas águas do Velho Chico.

A pesca, antes da represa de Três Marias, é praticada por profissionais e amadores. Os primeiros são os próprios ribeirinhos e pessoas vindas das cidades para abastecer grandes comerciantes com dourados, piranhas, pintados e tantas outras espécies apreciadas pelos consumidores. O problema é a forma com que esses profissionais atuam no rio: utilizam uma prática denominada PINDA, que consiste em fincar dezenas de varas nas barrancas dos rios, deixando que os peixes se enrosquem nos anzóis. No final do dia, ou no dia seguinte, vêm buscar sua pesca.

Ocorre que a quantidade é tamanha que os próprios pescadores acabam abandonando as varas nas margens por vários dias e, quando finalmente vêm buscá-las, os peixes já estão mortos e apodrecidos, ou comidos por outros peixes. Um desperdício! A quantidade desperdiçada é impressionante e injustificável! Não saberia estimar os prejuízos, nem avaliar o impacto dessas perdas para as populações de peixes do rio, mas como são peixes de porte médio, acredito que o impacto seja relevante por atingir justamente os indivíduos em plena fase de reprodução, machos e fêmeas.

Quanto aos amadores, o impacto já é bem maior, por incrível que pareça. Existem dezenas de ranchos de pesca ao longo do rio, com toda infraestrutura necessária para receber barcos potentes e equipados com tecnologia inacessível para os pescadores profissionais. Assim, esses amadores conseguem “ver” os maiores peixes nos sonares e caçá-los com grande facilidade. Em pouco tempo, eles retiram do rio os maiores espécimes, em uma concorrência desleal com os profissionais e com os próprios peixes.

Passando a barragem de Três Marias esses problemas persistem e se agravam, com a maior concentração humana nas proximidades do rio, além de novos problemas de maior gravidade. A primeira percepção que temos é que as matas ciliares já não são tão contínuas e nem tão largas. Às vezes, é apenas uma linha estreita às margens do rio, insuficientes para abastecer de vida esse ecossistema. Porém, a barragem tem um aspecto ainda mais perverso: sua função reguladora do rio!

Antes da construção de Três Marias, o rio tinha um ciclo natural de cheias e vazantes, caracterizadas pelas épocas das chuvas e da seca em toda sua extensão. Com isso, as margens se expandiam e se retraíam sazonalmente, irrigando as margens e abastecendo as lagoas vicinais, verdadeiros berçários de peixes, aves e mamíferos. Na enchente, as fêmeas saíam pelos canais até as lagoas e lá depositavam seus ovos, que eram fecundados pelos machos reprodutores. Esses ovos davam origem aos alevinos, que cresciam nas lagoas até as próximas cheias, quando então retornavam ao rio.

Com a construção da hidrelétrica, o regime do rio se modificou, e o homem passou a controlar sua vazão conforme seus interesses, reduzindo drasticamente esse processo cíclico de reprodução e de abastecimento das lagoas. Não somente os peixes foram prejudicados, mas toda cadeia alimentar de todas as espécies que utilizavam as lagoas como berçários naturais, principalmente os pássaros e felinos. É evidente que a população de todo ecossistema sofreu dramática redução, inclusive com o desaparecimento de muitas espécies, em especial dos felinos e dos grandes peixes.

As fazendas às margens do rio também tiveram outra participação importante nesse processo de degradação ambiental. Eliminando as matas ciliares, as barrancas do rio ficaram vulneráveis ao ciclo das chuvas, sendo arrancadas em grandes blocos de terra lançados dentro do rio. Isso provocava três efeitos críticos: primeiro, o alargamento do rio pelo desabamento gradual das margens; depois, esses grandes volumes de terra reduziam a profundidade do rio, em um fenômeno conhecido como “assoreamento”; finalmente, o aumento da temperatura do rio, devido à menor profundidade das águas. Todo esse processo causava não apenas a redução da ictiofauna, mas também o aumento significativo da evaporação das águas do rio, reduzindo seu volume e sua vazão. Vale destacar que o São Francisco se encontra na região do Semiárido, onde na maior parte de sua extensão o volume de chuvas não passa de 300 mm/ano!

A barragem da represa teve, ainda, outro efeito devastador: muitas espécies de peixes têm seu ciclo de vida regulado pelas estações do ano e, no segundo semestre, começa a migração no sentido da foz para a nascente, conhecido como “piracema”. As fêmeas de cada espécie desovam sempre na mesma época do ano, percorrendo as mesmas distâncias. Porém, encontrando um obstáculo intransponível em seu caminho, não conseguem prosseguir e tentam desovar ali, aos pés da barragem. A desova prematura não permite a fecundação plena dos ovos, e a população diminui constantemente até sua extinção. Só sobrevivem aqueles que se adaptam ao novo ciclo do rio.

Do outro lado da barragem, outro fenômeno perverso acontece: o rio, que corria em sua velocidade e declividade natural, encontra a barragem e para, formando o grande lago artificial. As águas paradas favorecem um processo físico de sedimentação, tornando as águas cristalinas, e desprovidas de seus nutrientes naturais. Peixes de correnteza, que também dependem da turbidez das águas, perdem a capacidade de caçar, e desaparecem gradualmente, provocando transformações na cadeia alimentar.

As águas profundas do lago artificial da represa provocam alterações no pH e na temperatura, que também afetam a reprodução das espécies que habitam o rio. Do outro lado da represa, o grande volume de água despejado pelo vertedouro e pelas turbinas também provoca alterações substanciais no substrato e nas próprias águas do rio. Toda cadeia de vida é profundamente afetada pela construção da barragem, que separa o rio em duas partes completamente isoladas. Já não é mais um rio somente, mas dois!

O rio São Francisco possui cinco hidrelétricas e oito barragens: Três Marias, Sobradinho, Itaparica, Paulo Afonso (I, II, III e IV) e Xingó. É como se houvessem nove pedaços de rio, isolados por barragens, em um mesmo ecossistema. Para agravar ainda mais os impactos sobre a ictiofauna, nas represas foram introduzidas espécies exógenas, principalmente carpas, tilápias, tambaqui, pacu-caranha e o bagre africano. Essas espécies, por serem desconhecidas dos peixes nativos, não encontram predadores naturais e acabam por proliferar e dizimar grande parte das espécies nativas.

A irrigação desordenada é outro problema crítico do rio São Francisco. Iniciada a partir dos projetos de agricultura do semiárido, acabaram por comprometer a vazão do rio, além de se tornar um elemento condutor de agrotóxicos, utilizados amplamente nas plantações, para dentro do rio, ao escorrer pelo solo árido do sertão. Destaque especial para a transposição de suas águas para a bacia do Parnaíba, cuja vazão estimada é de 99 m³/s, embora os canais tenham capacidade nominal de 125 m³/s. O destaque desse projeto é que, em sua origem, previa a reposição desse volume de águas por um canal trazido do rio Tocantins, e que foi abandonado pelo atual projeto em desenvolvimento.

Mas os problemas do Velho Chico não se resumem apenas às suas próprias águas. A Bacia do São Francisco é composta por cerca de 150 afluentes, sendo 100 deles perenes e os demais intermitentes, conforme a época do ano. Esses tributários, por sua vez, são formados por centenas de outros afluentes menores, até os pequenos córregos que, em sua totalidade, constituem o complexo ecossistema do São Francisco, o único que se encontra inserido completamente no território nacional e que abastece praticamente toda a região do semiárido nordestino. Nele habitam cerca de 20 milhões de pessoas, inclusive a Grande Belo Horizonte, através de seu maior afluente, o Rio das Velhas.

Os problemas do rio São Francisco começaram na época do Descobrimento, quando foi encontrado por Américo Vespúcio, em 1.504. Desde então, vem sendo habitado gradualmente, primeiro por pequenos lavradores e pescadores, depois pela instalação de cidades cada vez maiores e mais problemáticas para a vida do rio. O mais grave é a poluição, que se manifesta em três processos distintos. O primeiro já mencionamos, que é o da contaminação por agrotóxicos. O segundo é decorrente do despejo de esgotos urbanos sem tratamento em todos seus afluentes. E o terceiro é a poluição industrial, pelo despejo de dejetos de fábricas, produtos químicos e metais pesados, que contaminam o rio e seus habitantes, peixes, animais que habitam suas margens, e pessoas.

Na década de 1960, quando foi construída a Hidrelétrica de Três Marias, instalou-se em sua jusante, às margens do rio, uma fábrica da Votorantim, que produz manganês e despeja em uma lagoa seus resíduos químicos, altamente tóxicos. Em 2004, um grande desastre ecológico aconteceu pelo derramamento desses produtos químicos no leito do rio, matando milhões de peixes e depositando no substrato uma grande quantidade de metais pesados que, a cada vez que as comportas são abertas, revolvem o leito e trazem novos acidentes menores. Foi o pior desastre ecológico acontecido nos rios brasileiros.

A Hidrelétrica de Sobradinho, no ano de sua construção (1970), produziu o maior lago artificial do mundo em volume de água, alagando uma extensão de 400 km e uma largura máxima de 25 km, desalojando cerca de 70.000 pessoas e deixando submersas as cidades de Pilão Arcado, Casa Nova, Remanso, Santo Sé e Sobradinho. Além do deslocamento de toda essa população, com graves impactos sociais, Sobradinho alterou todo ciclo de vida do rio, eliminando centenas de lagoas marginais que sustentavam a riquíssima vida silvestre que, em grande parte, desapareceu para sempre.
Os problemas do Velho Chico são imensos e não se esgotam nesta pequena avaliação. Estima-se que o rio perdeu cerca de 75% de seu volume original de água desde que foi descoberto. Hoje, sua vazão na foz é de 2.700 m³/s e continua diminuindo. A 50 km da foz as águas são salobras e detecta-se sal marinho até a 250 km da foz. Ainda não se conhecem os impactos da transposição, e estão planejadas mais duas grandes hidrelétricas, ambas no baixo São Francisco, além de centenas de pequenas centrais hidrelétricas em seus afluentes. As obras de revitalização são poucas e insuficientes, e o desrespeito ao Código Florestal causou impactos irreversíveis em toda extensão do rio. Por isso, dizem que o Velho Chico está morrendo, levando consigo lendas, tradições e sua beleza incomparável...

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Manobra de ministério beneficia Delta em obra de R$ 223 milhões (Transposição)

"Obra do consórcio Nordestino, presidido pela Delta"
Fonte: MSN / Agência Estado - Wilson Pedrosa/AE
BRASÍLIA - Relatório realizado pela Controladoria-Geral da União (CGU) indica que o Ministério da Integração Nacional usou uma manobra para celebrar aditivos com o consórcio liderado pela Delta Construções no âmbito da Transposição do Rio São Francisco, driblando a regra que proíbe aumento superior a 25% em contratos.

A prática adotada foi a de retirar obras da lista de obrigações da empresa e aumentar o valor unitário dos itens que permaneceram no contrato. O ministério e a empreiteira negam qualquer irregularidade.

Na visão da CGU, em relatório conclusivo fechado em setembro do ano passado, o ministério pagou mais por menos. "Em outras palavras, foi contratado um montante físico por um determinado valor, e, ao fim, está sendo executado um montante físico menor, por um valor maior", aponta a Controladoria. A mesma prática foi usada pela pasta em outros seis contratos da obra da Transposição, a maior do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e contestada pelo órgão de controle do governo federal.

O contrato da Delta com o Ministério da Integração é o maior da empreiteira com o governo federal, no valor total de R$ 265,3 milhões.

A empresa tem 99,5% do consórcio, que conta ainda com a EIT e a Getel. O contrato original era de R$ 223,4 milhões. Em março de 2010, um aditivo cancelou 23,8% das obras e aumentou em igual montante o valor a ser pago pela pasta. Essa foi a prática criticada pela Controladoria.

Posteriormente, em agosto de 2011, um novo aditivo foi celebrado, aumentando em 18,77% o valor da obra.

Auditoria. Depois das denúncias do envolvimento da empresa com o contraventor Carlinhos Cachoeira, o Ministério da Integração pediu à CGU a realização de uma nova auditoria para decidir se o contrato será mantido ou não. A previsão é que este trabalho só seja concluído no fim de julho.

Na análise que fez no ano passado, a Controladoria questionou variações porcentuais extraordinárias em alguns dos itens das obras.

Numa ação descrita como "momento de transporte de material de terceira categoria", a diferença entre o valor original e o posterior ao aditivo chegou a 53.102,3%. O "momento de transporte" é calculado multiplicando-se o peso ou volume do material pela distância em que ele vai ser carregado.

Outro item com acréscimo porcentual superlativo foi o da construção de bueiros tubulares. O projeto inicial previa 34,6 metros, enquanto no contrato após o aditivo a previsão foi alterada para 5.918,27 metros, promovendo um acréscimo de 16.985% e um aumento de R$ 3,1 milhões no orçamento.

Chamou a atenção também a retirada da obra de quatro pontes que eram definidas como necessárias no projeto original. O ministério afirmou à CGU que o objetivo foi promover economia porque seria possível utilizar estradas vicinais em vez da construção das quatro pontes.

A Controladoria não concordou. Em sua avaliação, "o que se observa é que a retirada das pontes não resultou em economia, e sim, permitiu o aumento de quantitativos de outros serviços para que o contrato não ultrapassasse o limite global de 25%".

Fragilidades. O relatório pediu ainda que a Integração apure as responsabilidades pela fragilidade dos projetos básicos e executivos dos sete lotes que tiveram aditivos firmados com grandes alterações de valor. Cobra, além disso, a aplicação de penas administrativas aos responsáveis.

Em nota enviada ao Estado, o ministério afirma que os contratos "seguem os preceitos legais existentes". Destaca a atuação conjunta com a CGU em nova auditoria sobre o lote 6, de responsabilidade da Delta, e acrescenta que os outros contratos estão sob investigação interna.

Ressalta que até acórdão publicado em outubro do ano passado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) era permitido celebrar aditivos nos termos adotados pelo ministério. Diz ainda que portaria da pasta de novembro de 2011 proíbe a celebração de novos aditivos no mesmo formato, mas a regra só vale para novos contratos.

A Delta Construções, por sua vez, limitou-se a dizer que não houve aditivo acima de 25% e que as alegações da CGU são contestadas tecnicamente em processos instaurados por órgãos de controle.

terça-feira, 19 de junho de 2012

ALERTA MÁXIMO! NOVA TRANSPOSIÇÃO NO RIO SÃO FRANCISCO!

Essa notícia é gravíssima: não satisfeitos com a obra faraônica que está entalada na garganta de todos os ribeirinhos, agora o governo DILMA, através do Ministério da Integração Nacional e de seu ocupante Fernando Bezerra quer decretar, definitivamente, a morte do rio São Francisco! Uma nova transposição pretende levar as águas da represa de Sobradinho para a grande Salvador, na Bahia! Os estudos já deverão ser contratados com este propósito!


O incrível é que nem deixaram acabar a Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, e essa estaca será enterrada no coração dos Franciscanos! A hipocrisia do governo DILMA não tem limites: somos bombardeados por notícias mentirosas que dizem que o Brasil é um país que "respeita o Meio Ambiente", e "demonstra" essa barbaridade com as obras de hidrelétricas na Amazônia, e com a pretensa "redução do desmatamento"! Até a Vale do Rio Doce e a Camargo Correa já falam de suas obras como modelos de "desenvolvimento sustentável"! Daqui a pouco dirão que as fezes e os gases emitidos pelo gado são "Ecológicos"!


Divulguem essa barbaridade! Vejam o noticiário na Tribuna do Norte: 

http://tribunadonorte.com.br/noticia/governo-quer-fazer-transposicao-do-sao-francisco-para-levar-agua-ate-a-grande-salvador/223422

quarta-feira, 30 de maio de 2012

'Recordistas da seca', cidades em PE decretam emergência há 10 anos

Santa Cruz e Lagoa Grande são cidades vizinhas no sertão pernambucano
Fonte: G1 Pernambuco - Autora: Luna Markman





Duas cidades pernambucanas encabeçam um ranking indesejável no país: elas foram as que mais decretaram emergência nos últimos 10 anos por estiagem, segundo levantamento do G1 junto aos dados da Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec).

Santa Cruz, a cerca de 670 km do Recife, foi a cidade que mais decretou emergência: 16 decretos desde 2003 (14 por estiagem). O mais recente é de março deste ano, durante uma das piores secas que atinge vários estados do Nordeste.

O município vizinho, Lagoa Grande, apresentou 15 decretos: 14 por estiagem e um por excesso de chuva.

A equipe de reportagem do G1 visitou as duas cidades, onde moradores relatam a vida à base de água salgada. Já as autoridades reclamam do abandono.

Santa Cruz


Com pouco mais de 13 mil habitantes, a cidade do sertão do São Francisco não registrou um quarto da média de chuva prevista para os primeiros cinco meses deste ano, segundo a Agência Pernambucana de Águas e Climas.
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A Prefeitura de Santa Cruz considera esta a pior seca dos últimos 47 anos na região. A estiagem prolongada afeta quase 70% da população. Desse total, 67,5% estão na zona rural. A pouca chuva, segundo os técnicos, não foi suficiente para encharcar o solo, encher cisternas e reservatórios naturais. Aguadas e barreiros estão repletos de lama e os poços estão no limite mínimo da capacidade.

Por que tantos decretos?


Para a prefeitura, o reconhecimento dos decretos de emergência pela seca serve como um pedido de socorro aos governos estadual e federal. No entanto, as autoridades municipais afirmam que os recursos repassados não foram suficientes para melhorar a vida nesse pedaço do semiárido.

"Não dá para dizer que o governo estadual não tem ajudado, mas acho que o nosso município deveria ter mais prioridade nos projetos. Até o momento, os recursos não foram suficientes", diz a prefeita Eliane Maria Soares.

Água salgada, preços também

"A gente aprendeu na marra a usar pouca água por causa da seca, mas neste ano está pior e a produção foi pequena", diz o agricultor Odair Gomes, que sobrevive da Barragem Gentil, em meio à zona rural de Santa Cruz. A plantação de tomates chama a atenção no meio da paisagem sem verde, mas, segundo os moradores, a água é salobra e usada somente nas plantações na região.

Odair Gomes, agricultor, e seus tomates. Com a
seca, ele usa água salobra no cultivo na zona
rural de Santa Cruz (Foto: Luna Markman/G1)
O pasto está seco e o rebanho, emagrecendo, segundo José Morais, que toca o gado pela estrada de terra em busca de água, todos os dias. "Vai secando ali, a gente corre para buscar água em outro canto. Sempre foi assim. Até os bichinhos chegarem no limite", afirma.

A falta de chuva também matou a plantação de palma que o agricultor José Gomes de Souza tinha. "Usava [a água] para alimentar os animais, agora estou pagando por ração para não perder cabeça de gado", conta.

Com culturas abaladas, o preço das frutas e verduras aumentou 75% no comércio local. Na venda de Maria Valdete Silva, os produtos como tomate, goiaba, jerimum e beterraba agora custam R$ 2,50 o quilo, R$ 1 mais caro do que o preço normal. "As vendas caíram muito", reclama.



Com a agricultura abalada pela seca, os preços
dos produtos subiram até 75% na venda de dona
Maria Valdete. O cacho de banana passou de
R$ 1,50 para 2,50. (Foto: Luna Markman/G1)
Mandacaru queimado

Enquanto o preço aumenta nas feiras, o oposto acontece com o gado. O criador Modesto Batista foi à unidade da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro) em Santa Cruz tentar um financiamento do Banco do Nordeste para comprar ração animal.

"Tenho 16 cabeças de gados e elas estão comendo mandacaru queimado. Dependo deles para sobreviver. Na última seca forte, fui trabalhar em São Paulo, mas agora não vale mais a pena, porque não tem emprego sobrando", diz.

Segundo a prefeitura, quase toda a plantação de milho e feijão foi perdida na cidade e os agricultores estão procurando terras irrigadas em Petrolina (PE), também no Sertão pernambucano, mas banhada pelo Velho Chico.

'É uma loteria'

A prefeita afirma que o município precisa de verba para abertura de poços e construção de grandes barragens. "Nesses últimos cinco anos, perfuramos apenas 19 poços e só três deram água boa. Outros cinco, nem o gado bebe, de tão salgada. É uma loteria. E eu tenho medo de gastar mais dinheiro nisso, pois para a gente é muito caro. É de R$ 13 mil a 15 mil para perfurar só um", argumenta.

Nem a palma, que é resistente à estiagem, está durando nas terras de Santa Cruz, Pernambuco (Foto: Henrique Zuba / TV Globo)
"A gente decreta situação de emergência para justificar esses gastos e também para pedir ajuda financeira", complementa o secretário de Agricultura, Fabrício Marques.

"Sabemos que a escassez de água é um problema recorrente aqui, o que causa um déficit na agricultura, prejudicando as safras. Também afeta o peso do boi. Então, temos que abastecer o povo com carro-pipa e fazer algumas obras, como abertura de cacimbas [espécie de poço artesiano mais raso]", diz Marques.

Segundo o secretário, quase todo o município é abastecido por carro-pipa no período da seca. A prefeitura gasta cerca de R$ 80 mil por mês para contratar 12 veículos. Somente neste ano, desde março, já foram pagas 950 horas de aluguel por uma máquina que abre cacimbas. Cada hora vale R$ 110. Desde 2007, também foram 55 mil horas na limpeza de açudes e barragens.


Medição do Instituto de Tecnologia (Itep) mostra a
capacidade da barragem Cacimbas
(Foto: Luna Markman/G1)
Fim da linha

Além de barragens com a capacidade reduzida, cisternas secas e açudes poluídos, a Adutora Oeste, da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), está há mais de 45 dias sem levar água do Rio São Francisco para os moradores da área urbana, que está a 164 km do leito do rio.

A companhia afirma que um problema na captação de água entre 20 de abril e 11 de maio deste ano, na cidade de Orocó, prejudicou o bombeamento em cidades assistidas, mas que a situação foi corrigida.

Com relação a Santa Cruz, a Compesa diz que a água ainda não foi suficiente pois a cidade está no fim do ramal de distribuição e a água chega com menor pressão. A duplicação da Adutora Oeste é objeto de estudo, informa.

A companhia diz ainda que enfrenta problema com furtos de água da adutora. Uma operação localizou 45 ligações clandestinas em maio.

A Barragem Cacimbas, que abastece a zona urbana de Santa Cruz, está com a capacidade reduzida e deve secar até setembro, de acordo com avaliação preliminar da Apac. O Açude Venerada, que na década de 1960 abastecia a população para banho e lavagem de roupa no Centro de Santa Cruz, hoje está poluído e a água é imprópria para consumo.

Verbas federais e estaduais

Com os decretos de emergência, municípios pedem auxílio financeiro do governo federal em períodos em que não conseguem, por conta própria, arcar com problemas causados por desastres naturais. Essa verba chega mais rápido, e as cidades também podem dispensar licitações e planos de trabalho para gastá-la.

No caso da estiagem, a verba é proveniente do Ministério da Integração. Segundo dados do Portal da Transparência do governo federal, a mais significativa para Santa Cruz veio somente em 2009, quando R$ 290 mil foram liberados para uma ação chamada de "reabilitação dos cenários de desastres".

O G1 procurou a pasta para que o destino da verba fosse detalhado, mas o ministério não se pronunciou até a publicação desta reportagem. Antes, o ministério repassou, entre 2004 e 2005, R$ 96.234,21 para a recuperação de barragens públicas.

Já a Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária (Sara) de Pernambuco diz possuir dados apenas de 2010 a 2012. Nesse período, houve distribuição de sementes, crédito fundiário e revitalização de culturas. A pasta diz também que o Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural (ProRural) entregou 238 cisternas e construiu a barragem Cacimba das Graças, que custou R$ 176,4 mil e beneficia cerca de 200 famílias. Ambos os projetos foram concluídos.

Agricultor mostra até onde água chegava na Barragem Cacimbas, em Santa Cruz (Foto: Luna Markman / G1)
(O Jornal Nacional da última quinta-feira (23) mostrou que a seca no Nordeste é a pior das últimas quatro décadas e mostrou a situação de cidades que sofrem com a estiagem. Veja no vídeo ao lado.)

Hoje, 96% das famílias que vivem na zona rural possuem cisternas, segundo o secretário de Agricultura.

Já a barragem, inaugurada em maio de 2011, é o único reservatório de água potável de Santa Cruz, usada para abastecer povoados em sítios distantes do Centro. Com a seca, hoje só está com 10% da capacidade.

Entre os dias 14 e 18 de maio, o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) recebeu R$ 112,5 mil do governo estadual para perfuração de 15 poços com profundidade de 4 a 10 metros. A obras já começaram.

Nos últimos seis anos, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) fechou pelo menos 32 projetos para oferecer água aos municípios localizados na região do submédio São Francisco. Entre eles está a cidade de Santa Cruz.

Entre os contratos estão a perfuração e recuperação de poços, aguadas, barreiros, barragens públicas na zona rural do município, além da entrega de cisternas. A Codevasf afirma ainda que implantou o sistema de esgotamento sanitário do Centro da cidade.

Açude Venerada acumula lixo e não serve mais para abastecer o centro da cidade (Foto: Luna Markman / G1)
Plano emergencial

A Sara informa que serão investidos R$ 514 milhões em medidas emergenciais e estruturadoras para enfrentar a estiagem em Pernambuco, como a contratação de 800 carros-pipa, a implantação de 1.175 sistemas de abastecimento d'água simplificados e construção de 440 barragens dentro do Programa Águas para Todos, além da entrega de 36 mil cisternas, em parceria com o governo federal.

O governo estadual antecipou R$ 4 milhões da contrapartida para pagamento do benefício do Programa Garantia-Safra para 112 mil agricultores. Quem tiver perda de safra acima de 50%, recebe um seguro de R$ 680. A previsão é que o pagamento da primeira das cinco parcelas de R$ 136 seja paga em julho. Quem não estiver inscrito no Garantia-Safra vai receber do governo federal o Bolsa Estiagem, no valor de R$ 400.

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