terça-feira, 29 de dezembro de 2009
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Vida Simples ao Extremo!
Meditei muito a respeito do supérfluo que nos pressiona ao consumismo e nos encaminha para um futuro assustador, enquanto o mundo discute suas vaidades em não ceder para não parecer fragilizado diante de seus vizinhos dessa aldeia global em que se transformou agora. Não entendi muito bem por que parece tão difícil para a maioria dos homens o que é tão simples para mim, como a vida no rio...
Acordava cedo, à primeira luz do dia ou ao cantar dos pássaros no alvorecer. Em poucos minutos já estava de pé, ajeitando as tralhas do acampamento na canoa, fazendo minha primeira refeição, singela e agradável, sob árvores frondosas, ou diante de um dos incansáveis espetáculos da Natureza, tingindo de cores o céu e as águas...
Logo, a canoa deslizava suavemente pelo rio, abrindo pequenas ondas ao seu redor, quebrando o espelho e perseguindo o Norte ou o Leste, não importava o destino, pois o único caminho que eu tinha me levava ao mar, distante e misterioso como todo meu percurso. Meus olhos registravam cenários efêmeros, que logo se dissipavam, dando lugar a outras pinturas que minha câmera se recusava a preservar. Às vezes eu nem tentava fotografar ou filmar, extasiado pela beleza e encantado pela sonoridade dos cantos dos pássaros...
O ritmo constante das remadas agia como um bálsamo ou um alucinógeno, levando-me a pensares não imaginados, conduzindo minha mente para além da mediocridade humana... em nenhum momento pareceu-me monótona a vida no rio; nada se repetia, ainda que as idéias fossem as mesmas, havia sempre uma transformação que conduzia a novas conclusões.
Nunca almoçava; não havia tempo para interromper a "caminhada", pois "navegar era preciso" e "chegar a algum lugar no mapa" significava cumprir a missão daquele dia. Bebia muita água, mais de quatro litros por dia; comia castanhas e granola, às vezes um doce, e isso me bastava. À tardinha, quando o sol se aproximava do horizonte, era hora de buscar abrigo: uma pequena praia ou um barranco protegido sempre estavam a me esperar e para lá me dirigia.
Sempre sabia que aquele era o lugar escolhido, pois a canoa se dirigia a ele quase espontaneamente; eu mal conduzia o barco e ele parava no lugar apropriado. É curioso como a Natureza provê tudo o que precisamos para sobreviver em segurança. Muitos me disseram: "vai ser roubado!", ou "vai naufragar", ou ainda "cuidado com os bandidos!". Que bandidos?
Montava meu acampamento sem pressa, pois o dia é longo e o tempo passa devagarinho para quem não está na correria das cidades... esse foi o mais longo ano de minha vida... e o mais expressivo, mais belo, mais gratificante, mais produtivo em todos os aspectos. O fogareiro fazia uma comida simples e gostosa, com alguns condimentos que levei... comia devagar, saboreando cada porção de alimento, imaginando que seus nutrientes me fariam recuperar as energias perdidas nas remadas. Bebia um refresco, ou apenas água...
Antes de me recolher lavava as roupas e os materiais de cozinha, e isso também nunca me incomodou. Um pequeno aparelho enviava um sinal para meus amigos e a família, confortando-os com a mensagem de que eu estava bem. Revisava as fotos do dia, as filmagens, olhava os mapas e me situava no globo dos homens, que pouco signficava para mim. Antes de dormir escrevia minhas memórias, meu essencial "diário de bordo".
Pela manhã o ritual era mais simples: desmontar a barraca, colocar a canoa na água, tomar um leite com "ovomaltoddy" ou granola, desfazer as marcas que deixara de minha presença nas areias da praia ou nas folhas do barranco, e seguir viagem novamente. Ah... estava me esquecendo de minhas necessidades fisiológicas! Um pequeno buraco na terra, longe da água, umas folhas, sabão antissético e um banho de rio; escovar os dentes e... pronto!
Assim foi minha vida nesses 99 dias que se passaram desde que saí de São Roque de Minas, exceto os três meses que corri atrás de patrocínio inutilmente... se quero viver assim? não sei... talvez meu espírito inconstante busque novos desafios, novas aventuras, novas experiências antes que eu me acomode em um pequeno esconderijo no meio do mato, no alto da montanha, na escuridão das matas, em algum lugar distante e desabitado, onde possa terminar meus dias... talvez eu não possa escolher o meu destino... mas vocês sabem o que eu quero nesse final e, quem sabe, se compadeçam de mim e deixem-me partir em paz...
sábado, 26 de dezembro de 2009
Ponte sobre o rio São Francisco, entre Petrolina e Juazeiro
Frustrações e o futuro...
Frustração de não ter visitado o Parque Nacional de Peruaçu, por exemplo. A Sociedade Brasileira de Espeleologia, à qual estive filiado por tantos anos e de cujos eventos participei tantas vezes, não me deu nenhum apoio, negou-me até uma resposta ao meu pedido de incluir minha expedição em seu calendário! Deixei de ir ao parque... uma pena, já que ele é desconhecido da maioria dos brasileiros e até mesmo dos amantes das cavernas, como eu. Nem mesmo posso citá-lo em meu livro...
Decepção por não receber um único patrocínio de nenhuma dessas grandes empresas que alardeiam seu compromisso com o meio ambiente, mas ignoram um projeto de tamanha expressividade e envergadura, em defesa de nosso maior patrimônio hídrico nacional. Muitas sequer responderam ao meu pedido de patrocínio; outras apenas declinaram alegando não se adequar o projeto às suas linhas de atuação. Isso desnuda suas verdadeiras intenções de transformar em lucro até suas atividades preservacionistas; se não houver incentivo fiscal, não há patrocínio! Ou seja, mesmo quando apóiam alguma iniciativa em favor da Natureza, quem paga a conta é o governo, com sua renúncia fiscal, ou seja, "nós pagamos!".
Tristeza por ver que nossas autoridades, em todas as esferas da administração pública, estão completamente despreparadas e equivocadas ao lidar com as questões do meio ambiente. Não existe nenhum projeto de revitalização, apesar das propagandas governamentais! Tristeza também por perceber que aqueles que me deram a mão em situações difíceis, muitas vezes desapareceram assim que eu parti para outros estados ou municípios que não os seus.
Quem apóia o faz sem interesses pessoais... mas isso quase não existe! O interesse está sempre acima da solidariedade! E isso é difícil de aceitar para quem está sozinho em um rio extenso e desconhecido, como o São Francisco... desconhecido sim, não por mim, mas pela sua população inteira! Cada lugar que visitei, em cada entrevista que dei, as pessoas me perguntavam, não como estava o rio em toda a sua extensão, mas como seu lugarejo cuidava dele, ou melhor, "como eu sou percebido por vocês?". Um rio não é um mosaico de micro-naturezas que não se relacionam; é um ecossistema complexo e integrado onde as ações humanas causam efeitos cumulativos em tudo o que vem depois.
Esse imenso e fantástico rio continua órfão de seus próprios hóspedes e habitantes!
Mas minhas frustrações, tristezas e decepções não diminuem em nada os resultados que alcancei... pelo contrário, a despeito de tamanho descaso e desconsideração, consegui atingir os meus propósitos! E isso hoje me basta, por enquanto; pois uma nova batalha tenho à minha frente, que é a de transformar todo esse material coletado em um documento definitivo!
E ainda tenho alguns poucos grandes amigos que me acolheram, me deram as mãos, ativaram sua rede de contatos e permitiram que minha aventura se transformasse na mais importante experiência de minha vida! A todos eles, a minha eterna gratidão!
Publicarei brevemente uma postagem exclusivamente voltada a destacar essas pessoas!
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Entrevista à TV Sergipe, em Aracaju
Ambientalista fala sobre o Velho Chico
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Piaçabuçu - Alagoas: foz do rio São Francisco
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
A chegada
No momento o canoísta se encontra na cidade de Piçabuçu/SE e assim que tiver contato com a internet contará a todos como foi esse final da expedição!
Parabéns pelo sucesso na expedição!!!!!
Que bom que estará de volta trazendo essa riqueza de informações, registros e experiências de vida com você!
Depoimento de Manoel Bibiano, prefeito de Iguatama, MG
Charge na "Gazzeta do São Francisco"
Depoimento de Roberto Rocha, Lagoa da Prata, MG
Localidades Ribeirinhas
Vargem Bonita / MG | Ibotirama / BA |
Hidrelétrica de Três Marias / MG | Morpará / BA |
Pirapora / MG | Barra / BA |
Ibiaí / MG | Xique-Xique / BA |
Cachoeira do Manteiga / MG | Remanso / BA |
Ponto Chique / MG | Santo Sé / BA |
São Romão / MG | Sobradinho / BA |
São Francisco / MG | Juazeiro / BA |
Pedras de Maria da Cruz / MG | Petrolina / PE |
Januária / MG | Cabrobó / PE |
Itacarambi / MG | Hidrelétrica de Itaparica - PE / BA |
Matias Cardoso / MG | Hidrelétrica de Paulo Afonso / BA |
Manga / MG | Canindé de São Francisco / SE |
Malhada / BA | Hidrelétrica de Xingó - AL / SE |
Carinhanha / BA | Propriá / SE |
Bom Jesus da Lapa / BA | Penedo / AL |
Paratinga / BA | Piaçabuçu / AL |
Depoimento de Dom Frei Luiz Cappio, Bispo de Barra, BA
Principais Afluentes
Rio Abaeté | Rio Pandeira |
Rio Borrachudo | Rio Pará |
Rio Carinhanha | Rio Paracatu |
Rio Corrente | Rio Paramirim |
Rio das Velhas | Rio Paraopeba |
Rio Grande | Rio Pardo |
Rio Indaiá | Rio São Pedro |
Rio Jacaré | Rio Urucuia |
Rio Pajeú | Rio Verde Grande |
Entrevista à TV Sergipe, Aracaju
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