quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
As enganosas promessas da Transposição
Observem as placas indicativas das empresas habilitadas para as obras da Transposição na cidade de Cabrobó, PE. É curioso observar que o Consórcio Construtor "Águas do São Francisco" é constituído de uma empresa PAULISTA (Serveng), uma empresa CARIOCA (Christiani-Nielsen), outra empresa PAULISTA (SA Paulista de Construções e Comércio), além do Exército Brasileiro... ou seja, nenhuma empresa nordestina investe nesse projeto, e os empregos gerados são transitórios. Assim que terminar a obra, mais de 10.000 trabalhadores estarão sem emprego, agravando os problemas sociais dessas cidades que os acolheram.
Já se produziram centenas de peças publicitárias para tentar resgatar a imagem pública desse gigantesco investimento em infraestrutura, que poderá trazer consequências catastróficas para os destinos da Bacia do São Francisco. Exemplo disso está na página do UOL: "Tão necessária, tão problemática"! Quem inadvertidamente lê essa reportagem não percebe a mensagem subliminar que enaltece a "grande obra do PAC", pois seu conteúdo é deliberadamente ambíguo, ora criticando, ora elogiando o projeto.
O que não se diz é que o "Projeto de Revitalização", inventado por Lula para se contrapor à Transposição, é um "apanhado" de obras isoladas, que não levam em consideração a Bacia Hidrográfica do rio São Francisco como um todo indissolúvel, e que seria, de fato, a única obra justificável para essa região. Não há como reativar a economia do Polígono das Secas sem resgatar a integridade da Bacia do São Francisco. Os mais de seis bilhões de reais que estão sendo investidos na Transposição teriam resultados muito mais efetivos se fossem destinados à Revitalização. Nenhuma obra desses "projetos isolados" do Governo Federal é destinada à recuperação da vazão dos rios que compõem a Bacia do São Francisco. E essa obra faraônica da Transposição só terá consequências negativas sobre a vazão do rio, que hoje atinge, no máximo, 3.500 m3 por segundo (na foz) e já foi, segundo estudos científicos, cerca de 16.000 m3 por segundo!
Os governos petistas iniciaram uma nova era de demagogia que eu, nos meus longos anos de luta revolucionária, nunca imaginei presenciar. O Partido dos Trabalhadores, que foi a esperança de redenção da Nação Brasileira, se envolveu em todos os tipos de escândalos que tanto criticou enquanto oposição; depois aliou-se aos partidos mais corruptos do país, como o PMDB e o PR. Enganou o povo com alianças espúrias como aquela com a famigerada Bancada Ruralista (preconizada e conduzida pelo ex-comunista Aldo Rabelo, do PC do B), com quem desenvolve os projetos do agronegócio, em detrimento dos pequenos e médios agricultores, e com ações e obras radicalmente contrárias aos propósitos ambientalistas que declarou internacionalmente, como as mega-hidrelétricas de Tucuruí, Belo Monte, Jirau e Santo Antônio, que fazem parte do processo de destruição da Floresta Amazônica.
O projeto de Transposição é mais uma dessas mentiras, pois não resolverá o problema da distribuição de água para a população carente, e favorecerá novos empreendimentos que só aumentarão a concentração de renda em nosso país. Segundo especialistas em hidrologia, como João Suassuna(1), Aziz Ab´Saber (2) e Manoel Bonfim Ribeiro (3), a quantidade de água armazenada em reservatórios, açudes, barragens e lagos na região do polígono da seca já seria suficiente para abastecer todos os lares e suprir as indústrias nordestinas, bastando para isso que se desenvolvesse um projeto de integração desses reservatórios, que custaria infinitamente menos que a transposição, e teria resultados muito mais efetivos para a economia regional.
O paradoxo desse projeto de Transposição é que, nas regiões onde a água será retirada, a seca é muito mais perversa do que nas regiões para onde a água será transferida. Dentro mesmo do município de Cabrobó, origem do eixo norte da transposição, é comum ver-se caminhões-pipa entregarem água nas residências pobres da periferia da cidade; pior ainda são as pequenas propriedades a menos de 5 km das margens do rio São Francisco, que padecem da seca e são atravessadas pelos canais da transposição, cercado com arame farpado para impedir que esses agricultores familiares façam uso da água que lhes pertence e que será levada para mais de 400 km de distância da bacia do São Francisco.
Vale lembrar que o projeto original previa a recomposição das águas do São Francisco por um canal de 150 km ligando a Bacia do Tocantins através da Lagoa do Varedão. Essa proposta foi esquecida no projeto atual para não onerar seus custos, embora fosse muito menos dispendiosa que a Transposição do Velho Chico, uma vez que não necessitaria de estações elevatórias. Vejam análise técnica do pesquisador Luiz Carlos Baldicero Molion(4) no link http://www.sfrancisco.bio.br/arquivos/Molion%20LCB001.pdf
São muitos os questionamentos em relação a essa obra bilionária, mas nenhuma resposta convincente é oferecida aos antagonistas do projeto, que não é do povo, mas de Lula, de Ciro Gomes, de Dilma Rousseff e dos megaempresários que dele se beneficiarão. Que democracia é essa, que usa forças militares para garantir a execução das obras e faz ouvidos moucos aos protestos da população?
____________________________
(1) João Suassuna - Engenheiro Agrônomo, formado pela Universidade Federal da Paraíba. Especialista em Planejamento Florestal pela Fundação Getúlio Vargas
(2) Aziz Nacib Ab'Saber - geógrafo, geólogo, ecólogo, professor universitário e Presidente de Honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)
(3) Eng. Manoel Bonfim Ribeiro - mestre em hidrologia e ex-diretor do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS)
(4) Luiz Carlos Baldicero Molion - Pesquisador do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Chesf anuncia que vai aumentar a vazão do Rio São Francisco
Segundo o superintendente de Operação da Chesf, João Henrique Franklin, a vazão em 3.000m³/s não deve causar transtornos para as comunidades ribeirinhas. “A situação é de normalidade, mas como em fevereiro e março chove na Bacia no Rio São Francisco, é preciso atenção”.
A Diretoria de Operação da Empresa já está em contato com as autoridades dos municípios da Região, para que medidas de prevenção sejam tomadas tendo em vista os meses de fevereiro e março – ainda período úmido que pode levar à necessidade de novo aumento de vazão. No último dia 7, o diretor de Operação, Mozart Arnaud, e o superintendente de Operação, João Henrique Franklin participaram de reunião com o prefeito de Juazeiro (BA), Isaac Carvalho. Em Juazeiro, as localidades de Angary e Ilha do Rodeadouro estão mais vulneráveis às cheias do rio.
A prefeitura de Juazeiro divulgou a informação de que a Defesa Civil do município vem trabalhando desde dezembro, preventivamente, e que vão visitar o Angary e a Ilha do Rodeadouro para repassar as informações apresentadas pela Chesf. “Nós já estamos trabalhando desde o inicio das chuvas nessa prevenção e agora vamos oficializar, junto às famílias o que a Chesf apresentou para que possamos agir antes que algum prejuízo maior possa vir a ocorrer”, informou Adalberto Carvalho, supervisor da Defesa Civil de Juazeiro, no site da prefeitura.
Fonte: Ascom Chesf
Rio São Francisco terá regime de cheias programadas
A vazão de água vai aumentar (Foto: Arquivo Portal Infonet) |
José Sobral afirmou que essa comunicação faz parte do Regime de Cheias Programadas da Chesfa Companhia explicou as medidas, que visam a manutenção do volume vazio para controle de cheias e que, em decorrência as defluências dos aproveitamentos citados serão elevadas para o patamar de 3.000 metros cúbicos por segundo, o que, consequentemente as descargas médias diárias do Reservatório de Xingó evoluirão para o mesmo patamar a partir do dia 15 de fevereiro.
A Chesf, de acordo com o Secretário da Agricultura, acrescentou que, considerando as condições hidrológicas atuais, haverá vertimento em Itaparica, complexo, Paulo Afonso e Xingó, a partir daquela data, e que a situação hidrológica está sendo permanentemente avaliada, podendo haver alterações nos valores, em função da evolução das chuvas e vazões na Bacia do São Francisco.
À medida que novas informações forem feitas à Seagri, o repasse será encaminahdo imediatamente à imprensa, pelo alcance dos meios de comunicação em avisar a toda a região do São Francisco, em Sergipe, concluiu José Sobral.
Fonte: INFONET
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Margens do Velho Chico continuam sendo ocupadas
Embora no relatório divulgado pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - CHESF para o período compreendido entre a sexta-feira, dia 27 de janeiro e a segunda-feira, 06 de fevereiro, a vazão do Rio São Francisco esteja em torno de 2.400 metros cúbicos por segundo e, conforme o superintendente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF, Paulo Viana, esses índices não sejam motivo de preocupação, o promotor público do Ministério Público do Estado - MPE e diretor do Centro de Apoio do São Francisco e Bacias Estaduais, Eduardo Matos, não descartam a possibilidade de potencialização dos problemas do São Francisco com a chegada das chuvas.
Segundo Matos, os problemas estariam fundamentados na artificialidade do rio e na ocupação desordenada das áreas de preservação permanente. “A grande dificuldade é que a bacia do São Francisco tem um conjunto de problemas. Então, veja, a região tem hoje uma artificialidade, ou seja, sua vazão é controlada por uma série de barramentos que tem ao longo de sua bacia. Ao lado disso a ocupação desordenada, se nós colocarmos o olhar sobre o baixo São Francisco, percebe-se que se ocupou a área reservada para a mata ciliar. O que tem de mata ciliar hoje é muito pouco e mal monitorado. Se nós observamos bem, em toda essa margem há a presença de casas e bares. É toda uma ocupação desordenada. É uma ocupação desordenada de décadas e que se tenta estabelecer limites agora”, declara.
O trabalho de tentar impor limites a essa ocupação vem ocorrendo desde 2008, através da fiscalização de 20 órgãos ligados ao meio ambiente, seguindo modelo já adotado pelo Estado da Bahia. Desde o início dessa fiscalização, de acordo com Matos, 70 ocupações indevidas foram diagnosticadas. “Começamos em 2008 a fiscalização preventiva integrada, que a gente chama de FPI. Esse é o modelo adotado na Bahia há nove anos; em que consiste isso? Nós integramos órgãos federais, estaduais e municipais para fiscalizar o São Francisco. Começamos em outubro com Canindé e Poço Redondo e aí tem o Ministério Público Federal - MPF, MPE, delegacia do trabalho, Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos - COHIDRO, Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe - EMDAGRO, todos os órgãos que têm alguma coisa a ver com o meio ambiente. Juntamos 20 órgãos e começamos a fiscalizar o leito e todas as atividades nos arredores. A ideia qual é? A bacia integrada com uma realidade social, econômica e ambiental. A ideia é chegar até a foz com essa fiscalização mas a logística é complicada porque se deslocam 20 órgãos por três dias”, explica.
Depoimento de Manoel Bibiano, prefeito de Iguatama, MG
Charge na "Gazzeta do São Francisco"
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Despedida de Nêgo Dágua e a Carranca - Juazeiro, BA
Depoimento de Roberto Rocha, Lagoa da Prata, MG
Localidades Ribeirinhas
Vargem Bonita / MG | Ibotirama / BA |
Hidrelétrica de Três Marias / MG | Morpará / BA |
Pirapora / MG | Barra / BA |
Ibiaí / MG | Xique-Xique / BA |
Cachoeira do Manteiga / MG | Remanso / BA |
Ponto Chique / MG | Santo Sé / BA |
São Romão / MG | Sobradinho / BA |
São Francisco / MG | Juazeiro / BA |
Pedras de Maria da Cruz / MG | Petrolina / PE |
Januária / MG | Cabrobó / PE |
Itacarambi / MG | Hidrelétrica de Itaparica - PE / BA |
Matias Cardoso / MG | Hidrelétrica de Paulo Afonso / BA |
Manga / MG | Canindé de São Francisco / SE |
Malhada / BA | Hidrelétrica de Xingó - AL / SE |
Carinhanha / BA | Propriá / SE |
Bom Jesus da Lapa / BA | Penedo / AL |
Paratinga / BA | Piaçabuçu / AL |
Depoimento de Dom Frei Luiz Cappio, Bispo de Barra, BA
Principais Afluentes
Rio Abaeté | Rio Pandeira |
Rio Borrachudo | Rio Pará |
Rio Carinhanha | Rio Paracatu |
Rio Corrente | Rio Paramirim |
Rio das Velhas | Rio Paraopeba |
Rio Grande | Rio Pardo |
Rio Indaiá | Rio São Pedro |
Rio Jacaré | Rio Urucuia |
Rio Pajeú | Rio Verde Grande |
Entrevista à TV Sergipe, Aracaju
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