Segundo conta a história, os Trukás foram expulsos de suas terras há muitos anos, e transformados em escravos pelos colonizadores, com o apoio e colaboração da igreja católica. Em 1979, quase um século depois da aboliçãodos escravos, esse povo retomou a luta pelas suas terras, o que foi conseguido em 2002.
Hoje eles habitam a Ilha de Assunção e mais 72 ilhas em seu redor, e trabalham a terra com modernas técnicas de agricultura e pecuária e diversificada produção. São auto-suficientes, possuem várias escolas, onde as aulas são ministradas por professores Trukas, e ainda preservam algumas tradições, como a cerimônia do Toré.
Sua população é de mais de cinco mil indivíduos e as terras foram distribuídas igualmente entre seus moradores. Hoje a relação com a terra respeita a capacidade produtiva e a habilidade de gerar riqueza de seus moradores, como ocorre em todas as sociedades. Vivem em paz e em harmonia com a Natureza, que preservam com responsabilidade.
Fui apresentado à tribo dos Trukás pelo Ednaldo Ciliro, descendente de um dos responsáveis pela sua emancipação. Ednaldo é daquelas pessoas que não se pode deixar de conhecer: alegre, inteligente, completamente integrado em seu mundo e, mesmo assim, circula com espontaneidade no mundo "paralelo", descendente daqueles que, um dia, os humilharam e subjugaram. Mesmo assim, não guarda rancores e vive bem. Ele afirma que hoje não existe mais animosidade entre os habitantes de Cabrobó e as aldeias indígenas dos Trukas, nas ilhas do arquipélago de Assunção.
Ao final da minha visita ganhei dois livros editados pelos Trukas, relatando sua história, e com a dedicatória dos professores Trukás. Prometi voltar e me hospedar com eles quando meu livro tiver sido publicado. Ednaldo retribuiu dizendo que terei a honra de assistir a uma cerimônia Toré!
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