sábado, 8 de agosto de 2009

Respeito à vida e alimentação saudável

Quando vi pela primeira vez aquela família de roedores no rio Tietê, dentro da cidade de São Paulo, pensei logo que alguém os teria colocado lá, apenas por brincadeira (de mau gosto!) ou para chamar a atenção do povo para a barbaridade de manter todo esse lixo flutuante dentro do quintal de nossas casas! As capivaras se moviam em meio ao esgoto evidente, repleto de garrafas, latas, pneus e outros tipos menos explicáveis de dejetos humanos! A imprensa se fartou de fotos e crônicas sobre essas pobres criaturas!
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Já estava remando há vários dias pelo rio São Francisco, e tinha passado por inúmeras corredeiras quando me deparei com esses ratões desajeitados, tímidos e familiares, à beira do rio. Eram uns dez filhotes e os seus pais, completamente à vontade nas águas, e mergulharam assim que me viram por perto. Fiquei a procurar as capivaras, com a máquina fotográfica em uma das mãos e a filmadora na outra.



Passou-se mais de um minuto e eu desisti de captar aquela cena; guardei os equipamentos e continuei a remar. Pouco depois eles reapareceram em ambas as margens do rio, olharam para mim desconfiados, e ficaram para trás, acompanhando o fluir do rio, que levava embora minha canoa...
Encontrei o "seu" Roberto, pescador, alguns dias depois; ele me falou que ainda caçam essas criaturas no Velho Chico! Fiquei arrasado! Como podem comer esse bichinho inocente? Então me lembrei que eu ainda como carne de boi, porco, frango, peixes... eles não seriam também inocentes e dignos de nossa compaixão? O que difere um animal criado para ser sacrificado, sem ritual e sem piedade, apenas para nos alimentar, e um animal selvagem, pego numa caçada sem glória por um ribeirinho qualquer?

Somos todos iguais em nossa crueldade desnecessária! É saborosa a carne, diríamos sem piedade, diante de um prato de guisado de pato ao molho pardo (existe esse prato?). E a nossa carne, também não seria saborosa para um tubarão, para uma onça pintada ou um jacaré? Toleraríamos ver um ser humano sendo mastigado por um animal, destroçado como um bicho qualquer na Natureza? Então, não diferiríamos, em nossa conduta, dos animais "irracionais"?
Para que serve nossa racionalidade e espiitualidade se não poupamos os seres vivos de nossa gula?
Se temos consciência de nosso papel neste mundo, se evoluímos como espécie ao ponto de podermos cultivar nossos próprios alimentos, dosando os nutrientes de forma adequada a uma vida saudável e refeições saborosas, por que matar os animais?
Se esse argumento não é suficiente para nos convencer das vantagens do vegetarianismo, pensemos que uma criação de gado extensiva, além de provocar a destruição de florestas, gera gás metano em quantidade suficiente para competir com os veículos das grandes cidades na produção do efeito estufa! Incrível, não é mesmo? Pois vejamos, então, os números:
À pecuária cabe a fatia de 65 por cento do óxido nitroso (N2O) que é lançado para a atmosfera pelo homem, um gás que é 296 vezes mais potente do que o CO2 em termos de efeito de estufa. Além disso, na estratosfera pode originar óxidos de azoto que destroem o ozono e que são responsáveis pelas chuvas ácidas e o nevoeiro fotoquímico. O N2O é libertado pelo estrume. Por outro lado, a criação de gado emite 37 por cento do total de metano - que é 23 vezes mais potente que o CO2 e tem origem principalmente nos gases emitidos pelo sistema digestivo dos ruminantes - e por 64 por cento do amoníaco, que contribui também para as chuvas ácidas! (Fonte: Agência das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação - FAO).
Hoje, a criação de gado é feita em 30 por cento da superfície arável terrestre, ocupada sobretudo com pastagens. Tem sido apontada como um dos grandes responsáveis pela destruição das florestas tropicais, principalmente na América do Sul. Mas as consequências ambientais desta atividade passam também pela degradação do solo devido ao sobrepastoreio e à erosão. É igualmente das atividades humanas que mais impacto têm nos recursos hídricos devido à poluição que gera através das fezes dos animais, os antibióticos e hormônios usados, os químicos dos curtumes e os fertilizantes e pesticidas utilizados nas culturas forrageiras.
Esses argumentos deveriam ser suficientes para convencer ao menos os ambientalistas sobre as vantagens dos hábitos vegetarianos na alimentação humana... se cinco bilhões de pessoas comessem 100 gramas de carne por dia, seriam 500 mil toneladas ou um milhão cabeças de gado por dia! Só mesmo a miséria e a fome extrema podem evitar essa desgraça...

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