segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O colapso previsível do “Velho Chico”

As águas do rio São Francisco não são mais as mesmas. Estão sem força. Os estudos técnicos mais otimistas indicam o esvaziamento do potencial hidrelétrico do “Velho Chico” já nos próximos cinco anos. O Ceará quer até pagar mais caro para que fontes alternativas sejam trabalhadas no próprio Estado. A licitação já foi aberta.
As usinas hidrelétricas esvaziaram o potencial de geração de energia do rio São Francisco. Os engenheiros confirmam que o “Velho Chico” só continuará garantindo luz nas casas dos Estados nordestinos por mais cinco anos, até 2017. A notícia obrigou o Governo cearense a correr atrás do prejuízo e anunciar uma licitação para comprar energia gerada por fontes alternativas. Detalhe – essa energia será bem mais cara e precisará ser obtida no próprio território do Estado.
O Ceará hoje paga 29 dólares por megawatt/hora (mw/h) à Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). Pela licitação pública aberta há três semanas (edital 02/97) pela Companhia Energética do Ceará (Coelce), o Estado se propõe a pagar até R$ 45,82 por mw/h da “nova energia”. A diferença atual do valor existe por conta de subsídios na energia vendida pela Chesf. A compra poderá incidir diretamente sobre a tarifa cobrada ao usuário, mas a Coelce nega essa possibilidade.
Obrigatoriamente, como uma das regras da licitação, a energia a ser comprada pelo Ceará só poderá ser gerada dentro dos limites territoriais cearenses e por fontes renováveis. No caso, luz solar, ventos, hidráulica ou por biomassa (carvão vegetal ou esterco animal). “Estão excluídas dessa licitação as energias geradas por carvão ou lenha”, confirma o superintendente de Planejamento Energético da Coelce, Roberto Gentil. Até a própria Chesf poderá participar da concorrência pública, desde que se submeta a estes mesmos critérios. Os envelopes com os preços mínimos dos licitantes serão abertos no próximo dia 8 de maio.
Com a licitação, o Estado pretende adquirir 105 gigawatts/hora/ano de energia. A quantidade é suficiente para iluminar uma cidade como Juazeiro do Norte, o segundo maior município cearense com cerca de 200 mil habitantes. O tempo de fornecimento será um dos itens analisados na proposta das empresas participantes da concorrência. O próprio licitante dirá quando iniciará e encerrará o serviço.
Alguns projetos do governo lançados recentemente já denotam a preocupação com a possibilidade de redução no fornecimento de energia do rio São Francisco, dentro de apenas cinco anos. No final do ano passado, foi inaugurado o Parque Eólico da Praia Mansa, que já vem produzindo 1.200 kilowatts/hora – capaz de iluminar 3 mil residências com 15 mil pessoas. Em comunidades agrícolas, os projetos com energia solar também são executados, ainda em pequeno número e com financiamentos internacionais.
“Vamos pagar mais caro, mas queremos usar essa licitação para dar início a outros projetos particulares deste setor”, explica Roberto Gentil. A Coelce diz querer usar a experiência para desenvolver o potencial energético do próprio Ceará. Mesmo assim, o problema só será resolvido paliativamente. Os gigawatts adquiridos via licitação só servirão de reforço até 2015. Até lá, a Companhia acredita que outras soluções já estarão sendo adotadas.

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