
Mesmo diante da grandiosidade do Universo, da beleza incomensurável da Natureza e dos sentimentos altruístas que nos acometem eventualmente, buscamos no esotérico, no místico, no religioso, no eterno, a explicação das razões do existir.
No entanto, nossa pequenez não permite constatar a contradição que nos acomete e cega: ao mesmo tempo em que nos surpreende e extasia a percepção sensorial do Belo, através dos olhos, ouvidos e pele, com nossas próprias mãos, ferramentas e invenções o destruímos, contaminamos com nossos dejetos, corrompemos com atos, condenamos com omissões e covardias...
A existência de cada indivíduo, que mal ultrapassa um século, nos impõe os limites do tempo e espaço... o infinito é incompreensível! A existência do homo sapiens, que não chega a 10.000 séculos, nos credita a convicção de superioridade diante da Vida... A existência do Universo, a partir do Big Bang, que supomos não ultrapassar os 40 milhões de séculos, nos leva à indagação: mas, e antes disso, o que existiria?
E a resposta confortável fornece-nos a Bíblia: "no Princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus!"... e por uma palavra de Deus, o Universo se formou, e o dia se separou da noite, e a terra se separou das águas, e os seres vivos se diferenciaram da matéria inerte...
E tudo se resolve em nossas mentes... e, ainda que o Ser Humano venha a desaparecer da face da Terra, seja por uma fatalidade dos transtornos climáticos, seja por sua ação maléfica e daninha sobre a Natureza e sobre si mesmo, ainda assim, em outros planetas, haverá a Vida, que se perpetuará pela transformação e evolução natural, gerando ou não seres conscientes de si mesmos, sendo bela por si mesma, ainda que não percebida por ninguém, ainda que não tocada, não vista, não declamada em versos...
E, no entanto, na pequenez de nós mesmos, estaremos a acreditar que a Beleza existe apenas porque nossos sentidos a tornam assim... e que o Universo foi criado apenas para que nós, reles seres humanos, vermes cósmicos imperceptíveis, consumíssemos seus recursos, impunemente, ao nosso bel-prazer! E que, por isso, somos eternos!
Minha missão, consciente de minha insignificância no concerto do Universo, será a de tão-somente declarar minha gratidão por existir, de dedicar a vida que me resta a lutar pela preservação da Natureza, por ser capaz de perceber tanta beleza e poder compartilhar, em palavras e atos, meus sentimentos com vocês...
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