Mas não há loucura em nossas aventuras; apenas planejamento, técnicas e hablidades desenvolvidas, um bom preparo físico e uma determinação e vontade à prova de tudo.
A maioria de nós também não nasceu em "berço de ouro"; apenas optou por prioridades diferentes, deixando de lado o luxo dos hotéis de cinco estrelas pelos acampamentos selvagens de bilhões de estrelas, no meio do mato, abrindo mão de outras vaidades para poder se equipar para a aventura.
São poucos os aventureiros que conseguem patrocínio para suas atividades extremas. Geralmente aqueles que já provaram seu pioneirismo e competência nas conquistas de picos acima dos 8.000 metros, ou velejaram solitários pelos mares distantes, ou se arriscaram escalando paredes que parecem não ter fim...
Nós, reles mortais aventureiros, não tivemos acesso às grandes marcas; compramos nossos equipos em "feirinhas da pechincha" ou economizamos durante anos para comprar um GPS, mochilas, barracas e sacos de dormir confortáveis, cordas, mosquetões, etc.
A tarefa mais árdua de nossas jornadas é, justamente, obter os recursos necessários para viabilizá-las, seja tirando as últimas moedas do "cofrinho", seja pedindo um empréstimo a se pagar até o fim da vida... mas perseveramos mesmo assim, pois não é apenas a aventura em si que nos impulsiona para a frente: são os nossos ideais!
Queremos fazer a diferença, não doando nossas vidas aos empresários insaciáveis de seus lucros, mas lutando por causas perdidas, como a preservação da Natureza, para que nossos filhos possam também se aventurar, ou pelo menos assistir, na National Geographic, como seria nosso planeta sem a perversidade humana, repleto de vida selvagem, de lugares mágicos, de cavernas adornadas com seus espeleotemas, de cachoeiras cristalinas, de praias paradisíacas e de paisagens submersas intocadas...
Queremos acreditar que o Ser Humano ainda tem jeito, que o mundo não se acabará em chamas ou congelado, que o aquecimento global será controlado, que nossas espécies animais, as mais belas e raras, ainda estarão caminhando pelo Kalahari quando nós já não estivermos mais aqui.
Se a adrenalina já penetrou em nossas veias, estimulou nossos corações a bater tão forte que mal se contêm dentro do nossos peitos, se nossas vistas se embaciaram de lágrimas ao contemplar um pôr-do-sol nas montanhas silenciosas, então não tem mais jeito: não mais pertencemos à "civilização comportada e apática"!
Somos diferentes! Não melhores, mas diferentes... apenas não nos contentamos com o pouco que o mundo civilizado pode nos proporcionar... precisamos estar naqueles lugares onde os sonhos se confundem com nossas próprias visões de Shangrilá...
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