Considerando a retomada da viagem no dia 20 de setembro próximo e partindo de Três Marias, este passa a ser o cronograma estimado da expedição. As distâncias entre as localidades são estimativas baseadas em medições no Google Earth e podem sofrer distorções e aproximações. As datas apresentadas entre parêntesis correspondem à chegada prevista nas localidades e incluem o tempo de permanência na localidade precedente.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Cronograma Ajustado da Expedição
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Desenvolvimento Sustentável: paradoxo possível?
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Monocultivo da cana devasta Cerrado no Alto São Francisco
Maria Luisa MendonçaO cerrado é conhecido como "pai das águas", pois abastece as principais bacias hidrográficas do País. Aqui estão as nascentes do rio São Francisco e seus afluentes, como o Samburá, o Santo Antônio e o rio do Peixe, além do Rio Grande, que deságua no rio Paraná. A fauna e a flora são riquíssimas e guardam muitas espécies ameaçadas de extinção. Na Serra da Canastra foram identificadas mais de 300 espécies de aves e 7.000 espécies de plantas.
No município de Lagoa da Prata já existia uma usina de açúcar desde a década de 70, de propriedade de Antonio Luciano, "coronel" e latifundiário, conhecido como um dos maiores grileiros de Minas Gerais. Mais recentemente, a empresa francesa Louis Dreyfus adquiriu esta usina e expandiu o monocultivo de cana para a produção de etanol. Nos últimos dois anos, outras empresas participam do processo de expansão da monocultura da cana na região.
Os efeitos são devastadores. Na fazenda de Antonio Luciano chegaram até a desviar o curso do rio São Francisco para facilitar o escoamento da produção, sem licença ambiental ou estudos técnicos. Tanto no período inicial de implantação da cana, como nesta fase recente, a monocultura substitui áreas de lavouras e criação de gado, além de destruir as reservas florestais e a mata ciliar. Na implantação dos plantios, as empresas fazem queimadas clandestinas das matas nativas à noite, derrubam e enterram as árvores, para fugir da fiscalização.
"Hoje é comum encontrarmos animais mortos nas estradas, fugindo da devastação das matas. Já encontramos lobos, raposas, tamanduá-bandeira, tamanduá-mirim, lontra, quati, tatu, serpentes, garças, corujas, lagartos, além de peixes mortos no rio, como surubins, que chegam a pesar 40 quilos. Plantam cana até na beira dos rios e das lagoas", afirma Francisco Colares, professor de zoologia na Faculdade de Biologia e Meio Ambiente de Iguatama.
Segundo Colares, a usina de Lagoa da Prata utiliza a água do São Francisco em todo o processo de produção - para irrigação durante o cultivo, para lavar a cana depois da colheita e para resfriar as caldeiras no processamento. Em um dos pontos de captação, o bombeamento é de 500 litros por segundo - quantidade de água suficiente para abastecer todo o município.
O processo de expansão é intenso. A Empresa Total está construindo uma usina em Bambuí e está prevista a implantação de mais três usinas na região - duas em Arcos e uma em Iguatama, além da expansão da produção em Lagoa da Prata. O cultivo de cana chega até a Zona de Amortecimento do Parque Nacional da Serra da Canastra, considerada pelo Atlas da Biodiversidade em Minas Gerais como sendo de importância biológica extrema.
O parque fica entre as nascentes do rio São Francisco e a bacia do Rio Grande. A preservação da Zona de Amortecimento, ou área circundante ao parque, é essencial para garantir sua conservação. A produção de cana no local causa grande impacto, por seu potencial invasor, pelo intenso uso de agrotóxicos, entre outros. A Usina Itaiquara se instalou no município de Delfinópolis e plantou cana em áreas de preservação permanente, próximas ao grande reservatório de águas de Furnas.
"A cana chega até a margem do reservatório; plantam cana praticamente dentro d'água. Desmataram a área e praticaram queimadas, o que representa um grande risco para toda a região. O Ministério Público moveu uma ação contra a empresa e esperamos que a área seja recuperada em breve e que os responsáveis sejam punidos pelo dano ambiental. È necessário que os órgãos competentes fiscalizem essa atividade, pois a monocultura traz sérios problemas ambientais. O Brasil deveria priorizar uma agricultura diversificada", afirma Joaquim Maia Neto, Chefe da unidade do IBAMA responsável pelo Parque Nacional da Serra da Canastra.
O Secretário de Agricultura e Meio Ambiente do município de Luz, Dario Paulineli, descreve outros impactos na região. "A cana se expandiu rapidamente nos últimos anos. A empresa Louis Dreyfus fez muitos contratos de arrendamento com agricultores locais e o impacto ambiental foi enorme. A usina aplica o veneno de avião e atinge os agricultores vizinhos e a população das cidades. Desmatam madeira de lei, árvores protegidas por lei como o pequizeiro e a gameleira, plantam cana perto das nascentes dos rios, não respeitam os estudos de impacto ambiental. Muitos animais estão morrendo com a devastação das matas".
Para o agricultor Gaudino Correia, não vale a pena arrendar a terra. "Os contratos são de 12 anos e depois disso a cana já acabou com tudo. A usina usa máquinas pesadas para preparar a terra e causa erosão do solo. Depois queimam a cana e a cinza se espalha por toda a região. Eu não quis arrendar minha terra e estou cercado de cana. Aqui não tem mais terra para lavoura e por isso subiu tanto o preço dos alimentos. Meus vizinhos deixaram de produzir milho, feijão, café, leite e arrendaram a terra para a empresa Total. Eu ainda planto milho, feijão, e produzo leite, mas para o produtor o preço não aumentou, só para o atravessador e para a população. Ainda consigo produzir leite porque faço a ração. Se fosse comprar, não sobrava nenhuma renda. O preço da ração aumentou 50% e fica difícil criar animais".
O agricultor Sebastião Ribeiro tem a mesma posição. "A usina insistiu, mas eu não quis arrendar minha terra. Meus vizinhos arrendaram e depois ficaram com depressão, porque é o mesmo que perder a terra. O que vai acontecer se os agricultores deixarem de plantar alimentos?" Ribeiro explica também que a usina faz irrigação da cana com pivô central, usando água do São Francisco.
Especialistas alertam que não há fiscalização eficiente sobre os impactos sociais e ambientais. "O Estado deveria priorizar a preservação das nascentes dos rios. É como desgastar as veias que levam o sangue para o coração. Essa expansão tem sido muito rápida e a idéia é dobrar a produção de cana na região. A agricultura familiar vai sumir e podem faltar alimentos", afirma Lessandro da Costa, diretor da Associação Ambientalista do Alto São Francisco.
Apesar da propaganda das empresas, que dizem gerar emprego e desenvolvimento, organizações locais denunciam que as usinas não respeitam leis ambientais e trabalhistas. "Usam venenos violentos que afetam a saúde dos trabalhadores e da população. Onde antes se produzia milho, feijão, café, leite e outros alimentos, agora é só cana. Não há crédito para os pequenos produtores, mas o Banco do Brasil tem dinheiro de sobra para incentivar as grandes usinas, que destroem o cerrado e a Amazônia. Essa política vai deixar uma herança de destruição", afirma Carlos Santana, assessor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bambuí.
Ele explica que "Aqui tem serviço, mas só braçal. Os trabalhadores chegam de todas as partes do país para cortar cana e o aluguel na região aumentou muito. Outra conseqüência foi o congestionamento do sistema de saúde pública. Os cortadores de cana recebem por produção e isso causa a exploração. Muitos ficam doentes e não conseguem mais trabalhar".
O Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lagoa da Prata, Nelson Rufino, denuncia que, "A usina Louis Dreyfus causa grande destruição do meio-ambiente. O trator da empresa arranca as árvores e depois enterra para esconder o crime ambiental. Somente metade dos canais onde depositam o vinhoto é feita de cimento. Nos outros canais o vinhoto vai direto para o subsolo e para os rios. Nós chamamos o vinhoto de "água que fede".
Rufino descreve ainda os impactos sociais nos municípios da região. "As cidades estão totalmente cercadas porque a cana chega até as áreas urbanas. A empresa joga veneno de avião e o índice de câncer na população é enorme. Só na minha família temos cinco casos de câncer e isso é comum na cidade. Há mais de 140 trabalhadores afastados por problemas de saúde como tendinite, problemas de coluna, asma e outras doenças pulmonares. Temos registros de cinco casos de mortes por acidentes de trabalho. Dois trabalhadores caíram nas caldeiras, um morreu durante a queima da cana e outros dois morreram em acidentes com o trator".
Grande parte dos cortadores de cana é migrante e está vulnerável à exploração e ao preconceito. O local onde vivem em Lagoa da Prata é chamado de "Carandirú". Rufino afirma que "Para os trabalhadores a situação piorou porque perdemos renda. Ano passado fizemos uma greve de 45 dias e conseguimos um aumento de $2,50 para $2,80 por tonelada de cana cortada. Mas a empresa quer buscar uma forma de nos incriminar e está processando o sindicato".
Outra forma de manipular os trabalhadores é estimulando a competição. Para isso, a empresa os divide em grupos, de acordo com a quantidade de cana cortada. Quem não cumprir a meta não será contratado na próxima safra. Aqueles que atingem a maior meta vão para a turma dos "touros", que cortam de 17 a 25 toneladas de cana por dia. Muitos trabalhadores desse grupo foram afastados por problemas de saúde e agora são chamados de "bezerros doentes".
Mesmo em áreas onde já havia atividade agrícola, o monocultivo da cana gera um grau muito maior de devastação porque substitui agricultura diversificada por cultivos homogêneos e contínuos, o que leva à destruição total das reservas florestais. A demanda das empresas por grande quantidade de terras de boa qualidade, com acesso à água e à infra-estrutura, gera devastação dos recursos naturais e da agricultura local. Portanto, não é verdade que a indústria da cana se expande para áreas degradadas e terras marginais, como afirma o governo.
Moacir Gomes, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bambuí, conclui que, "O presidente Lula não conhece a realidade. Como pode dizer que a cana não substituiu áreas de produção de alimentos? As usinas estão trazendo miséria e vai faltar comida na mesa da população".
- Maria Luisa Mendonça é jornalista e coordenadora da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos. Brasil de Fato, 2 de julho de 2008 - fonte: Agencia Latinoamericana de Información
domingo, 23 de agosto de 2009
Protocolo do São Francisco
Estou incluindo um abaixo-assinado eletrônico que substituirá o Protocolo do São Francisco, originalmente concebido. Essa decisão favorece maior participação pública e dá visibilidade imediata às propostas apresentadas neste documento.
O endereço eletrônico da petição onde deverá ser feita sua adesão é:
http://www.ipetitions.com/petition/velhochico
Aguardo sugestões e comentários: ajudem-me a melhorá-lo! Colabore na divulgação desse documento, enviando-o a seus amigos e pedindo a participação de todos!Veja abaixo o texto do abaixo-assinado:
O Brasil é um país privilegiado pelos seus recursos naturais, principalmente hídricos, os maiores do mundo. No entanto, todos esses fatores mencionados vêm causando degradação acelerada de nossas reservas naturais, aproximando-nos, perigosamente, dos limites suportáveis e reversíveis de exploração.
Por outro lado, os conflitos internacionais pela posse desses recursos sinalizam riscos cada vez maiores à nossa soberania e sobrevivência, na medida em que não somos capazes de administrá-los e protegê-los.
A bacia do São Francisco é um complexo hídrico e ecológico singular, uma vez que totalmente inserida em nossas fronteiras, com grande extensão navegável, quase uma centena de afluentes permanentes, e enorme extensão de terras banhadas por suas águas, e delas dependentes para seu cultivo e sobrevivência.
Nesse contexto, conclamamos governadores, prefeitos e vereadores das regiões abrangidas pela bacia do São Francisco a assegurarem, em seus planos de metas e de compromissos com a população, o planejamento e a execução de ações de preservação ambiental e de recuperação das águas do rio São Francisco, seus afluentes e de seu entorno, prioritariamente a obras de transposição ou de irrigação, compreendendo:
· Tratamento de esgotos domésticos, industriais e agrícolas, antes de serem lançados aos rios;
· Recuperação da mata ciliar, principalmente nas cabeceiras dos rios e em suas confluências; vale lembrar que a extensão das matas ciliares deve ser, por lei, igual ou maior que a largura dos rios em cada uma de suas margens (e, no mínimo, de 30 metros);
· Incentivos fiscais a empresas não poluentes (indústrias, agricultura, pecuária) ou aquelas que se comprometam com prazos razoáveis em não mais poluir;
· Disciplinas escolares abordando a preservação do meio ambiente, recuperação da memória histórica, ênfase nos aspectos mais relevantes da importância do rio São Francisco, com o objetivo de se criar uma consciência ambiental sólida e consistente nas futuras gerações;
· Estabelecimento de metas de curto, médio e longo prazo para compatibilizar as atividades das empresas privadas e do setor público dos governos federal, estaduais e municipais com os objetivos propostos neste documento;
· Criação de um prêmio anual de incentivo a ações preservacionistas relevantes, com apoio de governos estaduais, municipais e federal e patrocinado por uma grande empresa de expressão nacional;
· Desenvolvimento de campanhas de conscientização e criação do dia anual de preservação do rio São Francisco.
Na passagem pelas cidades ribeirinhas, pretendemos apresentar este protocolo aos prefeitos e vereadores, buscando obter apoio político, formalizado através de assinatura eletrônica neste documento.
Em cada localidade em que passarmos será oferecida palestra de conscientização aos moradores, através da qual serão expostos os princípios do Protocolo do São Francisco e potenciais impactos à vida na bacia do São Francisco.
Ao final da expedição providenciaremos o envio do documento eletrônico aos governos federal, dos estados da bacia do São Francisco, associações de municípios, Ministérios do Meio Ambiente, das Minas e Energia, da Integração e Desenvolvimento Regional, do Turismo, dos Transportes e da Defesa, CHESF, CEMIG e CODEVASF, solicitando apoio a iniciativa e conclamando à continuidade das ações preservacionistas.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Uma Riqueza Incalculável!
Enquanto a quase totalidade dos países desenvolvidos já esgotou suas reservas naturais, o Brasil ainda detém parcela expressiva de seus recursos hídricos, minerais, florestais, sua fauna, cavernas e cerrados, podendo, inclusive, reverter o quadro de desmatamento, incêndios e desolação causado pelos avanços da agro-indústria, da pecuária, das madeireiras e das mineradoras.
Mais um aviso de que a água pode faltar
[EcoDebate] A Semana Mundial da Água teve início no domingo em Estocolmo, na Suécia, e segue até o próximo sábado com especialistas do mundo todo discutindo este líquido cada vez mais precioso.
Mas já na semana passada o tom de preocupação que domina o encontro era antecipado por Colin Chartres, presidente do Instituto Internacional de Gerenciamento de Água, ou IWMI, sigla do nome em inglês. A organização tem sede no Sri Lanka e levou para os debates da Semana da Água na capital sueca um relatório impactante sobre a necessidade de revitalização da irrigação na Ásia.
Em alerta feito numa entrevista à agência Reuters distribuída no mundo todo, o presidente do IWMI dizia que só com a conservação da água e o aumento da produtividade no campo é que será possível alimentar a população adicional de 2,3 bilhões de pessoas, a previsão de aumento populacional do planeta até 2050 — hoje estamos em 6,8 bilhões.
A Ásia é um continente que causa grande apreensão, com seus 1,5 bilhões a mais de população previstos também para 2050. Para o encontro em Estocolmo o IWMI preparou junto com a Organização de Alimentos e Agricultura, da ONU, um relatório com estudos sobre a imensa demanda de alimentos que será criada com o aumento populacional.
A questão vital é onde arrumar água para tanta gente. “Se você olhar as tendências atuais”, diz Chartres, “verá que precisaremos de muito mais água, e nós não temos”. Sem racionalizar o consumo e investir na preservação, teremos tempos bem ruins pela frente.
A agricultura é o setor que mais usa água. Em muitos países este consumo é de 70%, noutros pode chegar a 90%. Para agravar o problema, a agricultura também é altamente poluidora. No Brasil, é a segunda maior fonte de poluição, perdendo apenas para o esgoto doméstico.
Segundo Chartres, até 2030 a demanda na Índia vai exceder o fornecimento de água em torno de 20% a 40%. No momento a demanda naquele país é um pouco menor do que o suprimento.
Os problemas hídricos da Índia deviam ser tomados como um exemplo mundial, como uma precaução em relação ao que pode acontecer em outros países, caso não seja corrigido o uso descuidado da água. Outro estudo publicado também na semana passada pela revista científica Nature mostra que a escassez de água que hoje aflige os indianos tende a piorar. Conforme a publicação, as reservas do norte daquele país estão se esgotando.
O trabalho foi desenvolvido com a tecnologia do Centro de Vôo Espacial Goddard, da Nasa, e do Centro Aeroespacial da Alemanha, usando um sistema de satélites lançado em 2002 que tem a capacidade de indicar mudanças nos estoques de água do subsolo a partir de variações na gravidade terrestre.
Com este suporte, os cientistas chegaram ao indicativo de que as reservas de água no subsolo que vai da capital, Nova Délhi, até os cinturões agrícolas caiu a uma taxa de 4 milímetros de 2002 a 2008. A perda implícita é mais que o dobro do maior reservatório do país. E pior, esta queda ocorreu em anos em que não houve falta de chuvas.
Por conta disso, a questão da água entrou na agenda política indiana. E de forma meramente demagógica. Torna-se comum os políticos prometerem eletricidade gratuita para agricultores extraírem água do subsolo.
O ponto dramático da questão é que a escassez vem em grande parte exatamente dessa prática. A chamada Revolução Verde indiana aumentou de forma extraordinária a produção agrícola fazendo uso da água subterrânea para irrigação, recurso contrário à preservação.
As soluções de longo prazo encontradas com o estudo do IWMI também apontam longe dos gastos com projetos caros de infraestrutura. Hoje na índia, por exemplo, os políticos estão pensando em grandes programas de transferência de água dos rios, a exemplo do que vimos no Brasil, com a obsessão pela transposição do rio São Francisco.
Chartres diz que há uma porção de coisas que se pode fazer antes de optar para estes esquemas caríssimos. A conservação dos recursos hídricos e o uso equilibrado da água em todas as atividades humanas ainda é o caminho mais indicado.
Fonte: Colaboração do Movimento Água da Nossa Gente para o EcoDebate, 21/08/2009
2020 Climate Leadership Campaign
If we rise to this challenge, if we take climate leadership, we will generate climate prosperity because it is precisely our capacity to solve our greatest crisis that affords us our greatest opportunities for growth within the context of sustainability and alignment with natural systems.
Our 2020 Climate Leadership Campaign has a number of components. All these themes are integral to our 2020 Climate Leadership Campaign and constitute what we consider to be essential aspects of leadership on the issue of climate change. The themes, detailed below, include:
1. “2050 by 2020” Call to Action
2. Planning for 2020
3. Developing on line collaboration
4. Brazil 2020 Campaign
5. Timeline for first year
1. “2050 by 2020” Call to Action
At the heart of our 2020 Climate Leadership Campaign and the purpose of the of the Brazil 2020 Campaign is resolving the contradiction between what our governments are negotiating and what our scientists are asserting about the accelerating pace of global warming. This is why climate leadership is so crucial. Our scientists are telling us that we are rapidly running out of time to take decisive action. Yet our governments are acting as if they have the next forty years to reduce carbon emissions by 80% -- promising to solve the problem by 2050. This is what the Copenhagen negotiations are all about -- taking the next forty years to do what scientists tell us we need to do in the next ten.
In the meantime, CO2 emissions continue to increase and are projected in most 2050 scenarios to continue rising until they peak at around 2030. This basically allows business as usual for another twenty years. In the meantime, we are spewing into the atmosphere 70 million tons of CO2 each and every day and in fact put into the atmosphere more CO2 in 2008 than any previous year. The more our scientists discover about global warming, the more urgent the situation becomes and the more immediate the timeframe for serious action. The current world situation with regard to climate change is worse than the worst cast scenario of the IPCC in its 2007 Report.
Even more troubling is the fact that even if the governments are successful in reducing carbon emissions by 80% by 2050, this accomplishment would be essentially irrelevant to dealing with global warming in any meaningful way. A recent study by MIT states that if all the governments completely fulfill their current promises, which essentially are pointed toward reducing carbon emissions by 80% by 2050, we will have reached over 600 ppm of CO2 by then and global temperatures will have risen at least 4 degrees Celsius.
This contradiction between what the governments are negotiating and what the science says is the most crucial fact in the climate change crisis today. According to the 2006 Stern report and numerous other models, a rise of 4 degrees Celsius would put hundreds of millions of people at risk of coastal flooding each year with sea level rises of up to 25 meters. There would be dramatic reductions in water availability and increased droughts around the world. A 4C rise would lead to the loss of 85% of the Amazon rainforest, for example. Agricultural yields would radically decline and the world would face severe food shortages. Approximately 20%-50% of all animal and plant species would face extinction.
It is for these and other reasons that when he accepted the 2007 Nobel Peace Prize on behalf of the IPCC, Dr. Rajendra Pachauri said "If there's no action before 2012, that's too late. What we do in the next two to three years will determine our future. This is the defining moment." Thousands of scientists around the world agree. Lester Brown, who will keynote our conference, states bluntly that we are facing the demise of human civilization itself if we do not take action now.
Our leadership must be based on what is scientifically urgent, not on what is politically expedient. Thus our strategic intention and call is a very simple one:
What our governments are negotiating for 2050 must be accomplished by 2020 and we must all be prepared to demonstrate the climate leadership required to accomplish this.
We must somehow build a global coalition around reducing our carbon emissions by 80%, shifting the basis of our economies from fossil fuels to renewable energy and clean technologies, and reordering our lifestyles and life choices accordingly, all by 2020.
2. Planning for 2020
At the heart of what we must achieve through our Climate Leadership Campaign is to begin the process of discerning how to implement a viable pathway to reducing our carbon emissions by 80% by 2020 and doing so using available technologies and with the intent of producing prosperity and growth. We believe we can achieve a 2020 goal in a spirit of optimism and abundance. Our central thesis around 2020 is that our climate crisis is a climate opportunity and that by solving global warming in a decisive manner we will also solve our financial and economic woes and generate social and economic growth.
We believe that we can accomplish this goal using available technologies and innovative thinking. We are not in a crisis because we have no solutions. We are in a crisis because we are not implementing solutions already here.
What can and should unite us is a common goal of reducing carbon emissions by 2020. We believe this is the key goal because it is specifically the release of CO2 into the atmosphere that is causing global temperatures to rise, the ice caps to melt, the droughts to multiply, the seas to increase, and the frequency and intensity of extreme weather events to so dramatically increase.
How each of us gets to the goal of reducing CO2 emissions will be different. Each community, city, region and nation will have different challenges and constraints and thus any 2020 scenario will by definition be decentralized and highly diversified. Climate leadership will have many pathways, many forms, and many results. This is as it should be. Within the context of the clearly defined common goal of “2050 by 2020,” we believe as much creativity, diversity, celebration and collaboration as possible should be encouraged.
In thinking about climate leadership by 2020, we suggest the following seven “wedges” be considered as starting points which, when taken together, make the pathway to 2020 possible:
1.Reducing reliance on fossil fuels
2.Implementing energy efficiencies
3.Creating clean technologies
4.Developing renewable energy
5.Cleaning up natural systems
6.Creating sustainable lifestyles
7.Establishing a culture of sustainable growth
You will note that the first five of these are what we can do and the last two are what we believe and how we live our lives. These have to do with our interiors. This is an important part of what we mean by “Climate Leadership.” Our leadership must be as personal as it must be public and affect our lifestyles as much as it affects public policy. We cannot reduce carbon emissions by 80% and develop climate prosperity by 2020 without coming to terms with the stark fact that our lifestyles and our cultural beliefs are as unsustainable as our corporate activities and our national policies. To deal decisively with global warming, we must take an integral approach which looks at our interiors as much as our exteriors, our beliefs as much as our actions. All aspects are integrally involved in both our crisis and our solution. We will thus be using an integral framework as the operating system of our 2020 scenario planning. Climate leadership must be integral leadership.
3. Long Term Online Collaboration
In addition to exploring the imperative of “2050 by 2020” and beginning work on developing 2020 Climate Leadership Campaigns, a third crucial aspect of our conference will be how we can come together on line so that we can continue to share information and collaborate beyond the conference itself. What we are launching is a ten year initiative and thus must have a way to stay together, build momentum, and spread the word.
In this endeavor, we have partnered with the Gaiasoft corporation in the UK, which has pioneered a very sophisticated software to enable real time information sharing, active collaboration and project management. We have also partnered with the Hague Center in the Netherlands which has pioneered using the Gaiasoft technology in groups and developed “meshworks” of engagement and collaboration around interests of common concern.
4. Brazil 2020
What is also unique about our over-all 2020 Climate Leadership Campaign is the role Brazil is playing. While virtually all the countries in the world either dither or vaguely commit themselves to reducing carbon emissions by 80% by 2050, the country that seems poised to develop a national mobilization around climate leadership is Brazil. Brazil’s use of ethanol for cars is the highest in the world. Brazil already produces over 50% of all its energy from renewable sources, as opposed to 12% for the EU and 10% for the U.S. Its’ largest electric utility, Central Electric of Minas Gerais (CEMIG) generates 92% of its electricity from renewable sources and was determined by the Dow Jones Sustainability Index as the best energy company in the world in 2007.
Most importantly, Globo TV, the largest media company in Brazil and the fourth largest in the world, has committed itself to dealing seriously with global warming and is developing a sustained public education campaign on climate change. This marks the first Fortune 100 company anywhere in the world that we know of to do so, certainly the first major media company. The fact that Globo is launching a national public education campaign is a dramatic demonstration of climate leadership and may catalyze a mobilization that is national in scope. Given the increasing urgency of the climate crisis, national mobilizations are essential to plan for and to catalyze.
This kind of leadership is important because Brazil is not a small obscure country with little impact. It is one of the largest countries in the world, it is richly endowed with natural resources, its demographics are very similar to that of the world population, it is at peace with all its neighbors, its banks and its economy, though effected by the downturn in the global economy, are relatively stable and strong, and it contains the Amazon.
This is not to say that Brazil is already there. The government has shown little leadership on the issue of global warming and has tolerated, if not encouraged extensive clear cutting of the Amazon. There is also systemic exploitation of the general environment. But huge portions of Brazilian society are waking up and leaders in the Brazilian political, business and civil society sectors understand the urgency, are willing to take leadership, and are mobilizing around Brazil 2020 -- a ten year plan to green the Brazilian economy. All these reasons make Brazil an ideal nation to take the kind of leadership the world needs at this critical hour.
It is in recognition of the important role Brazil can potentially play in the global effort to demonstrate climate leadership that State of the World Forum is launching its global 2020 Climate Leadership Campaign in the city of Belo Horizonte, Brazil.
5. Timeline
Because the 2020 Climate Leadership Campaign is a ten year campaign, State of the World Forum is committed to convening a series of major conferences in different world cities through 2020 as we build a global coalition around “2020 Climate Leadership Initiatives.” What follows is what we are planning for the first year:
1. Our August 4-7 State of the World Forum in Belo Horizonte will serve two purposes. It serves as the actual launch of the global 2020 Climate Leadership Campaign and representatives from all over the world are being invited to participate. It also serves as the launch of the Brazil 2020 mobilization and representatives from media, civil society, the private sector and scientific institutions from all over Brazil will be gathering for our meeting as well. Thus there will be both a global discussion as well as a specifically Brazilian component to the August event. A significant part of the conference will also be to begin development of 2020 strategies with an emphasis on the innovative technologies and lifestyle changes that can get us there successfully.
2. The State of the World Forum in Washington, D.C. February 28 – March 3, 2010 will be the second step in the global campaign. The Washington event will again have two components: a global aspect around the 2020 Climate Leadership Campaign and it will profile the national campaigns, like Brazil 2020, that are underway by that point, such as are beginning to take shape in Australia, Mexico, and the Netherlands. The over-all goal is to empower people everywhere, personally as well as collectively, to create greener and more resilient lifestyles and communities within a 2020 timeframe with the emphasis that all of us must take up climate leadership.
3. The State of the World Forum in Rio de Janeiro August 30 – September 3, 2010 will complete our first year of convenings. By then, we will have had a year to get things underway, build constituencies, and refine our message. The Brazil 2020 campaign will have developed along with other Climate Leadership Campaigns.
One synergy that is emerging is with Peter Gabriel and his World of Music and Dance (WOMAD) festival that will be in Salvador, Brazil September 4 – 7, 2010 immediately following our Rio Forum. This allows for a significant potential for blending content and music with one of the world’s most notable activist musicians. Given what is developing, this 2010 Rio Forum could equal or be larger than the Earth Summit in Rio in 1992.
Beyond 2010, we will work together to select other countries where Forums can be convened that will emphasize efforts toward sustainability and promote 2020 Climate Leadership Campaigns. All along the way, we will be building Climate Leadership Campaigns and holding our Forums wherever they will support and nurture national 2020 campaigns. The most likely candidates for the 2011 State of the World Forum are Melbourne, Australia, Mexico City, Mexico, or The Hague, Holland.
What we would stress in conclusion is that all of the above has emerged in the last four months and is thus very dynamic and subject to change as the world situation continues to unfold, the crisis of global warming escalates, and the necessity of climate leadership becomes more urgent. We believe our strategy is in alignment with both the crisis and the solution that needs to be implemented. We are way past ad hoc solutions. Given the enormity of the crisis, only national mobilizations and decisive time-sensitive climate leadership will suffice. We believe that what is evolving, as described above, satisfies both these two requirements of scale and timing, and we are would be honored to have you join our efforts. Climate Leadership is the clarion call of our time.
Fonte: WorldForum.Org
Depoimento de Manoel Bibiano, prefeito de Iguatama, MG
Charge na "Gazzeta do São Francisco"
Depoimento de Roberto Rocha, Lagoa da Prata, MG
Localidades Ribeirinhas
Vargem Bonita / MG | Ibotirama / BA |
Hidrelétrica de Três Marias / MG | Morpará / BA |
Pirapora / MG | Barra / BA |
Ibiaí / MG | Xique-Xique / BA |
Cachoeira do Manteiga / MG | Remanso / BA |
Ponto Chique / MG | Santo Sé / BA |
São Romão / MG | Sobradinho / BA |
São Francisco / MG | Juazeiro / BA |
Pedras de Maria da Cruz / MG | Petrolina / PE |
Januária / MG | Cabrobó / PE |
Itacarambi / MG | Hidrelétrica de Itaparica - PE / BA |
Matias Cardoso / MG | Hidrelétrica de Paulo Afonso / BA |
Manga / MG | Canindé de São Francisco / SE |
Malhada / BA | Hidrelétrica de Xingó - AL / SE |
Carinhanha / BA | Propriá / SE |
Bom Jesus da Lapa / BA | Penedo / AL |
Paratinga / BA | Piaçabuçu / AL |
Depoimento de Dom Frei Luiz Cappio, Bispo de Barra, BA
Principais Afluentes
Rio Abaeté | Rio Pandeira |
Rio Borrachudo | Rio Pará |
Rio Carinhanha | Rio Paracatu |
Rio Corrente | Rio Paramirim |
Rio das Velhas | Rio Paraopeba |
Rio Grande | Rio Pardo |
Rio Indaiá | Rio São Pedro |
Rio Jacaré | Rio Urucuia |
Rio Pajeú | Rio Verde Grande |
Entrevista à TV Sergipe, Aracaju
Postagens mais populares
-
Andrea Zellhuber e Ruben Siqueira Fala-se muito, hoje, da necessidade de revitalizar, preservar e conservar Bacias hidrográficas. Revitaliz...
-
A religiosidade está presente em toda extensão do rio São Francisco, seja em grandes cidades, seja em pequenas comunidades quilombolas e ind...
-
A Arte está presente em toda a extensão do rio São Francisco, seja pelos trabalhos em argila, pedra, tecido e madeira, seja nas esculturas, ...
-
Uma viagem em busca do passado. Navegamos onde havia uma estrada. O destino era Petrolândia, uma das cidades inundadas na formação do Lago...
-
Durante 99 dias percorri a remo os 2.800 km do rio São Francisco em canoa canadense, acampando em suas margens, ou compartilhando a hospit...
-
João Carlos Figueiredo defendeu ações integradas para preservar o Rio São Francisco Veja Galeria de Fotos Ambientalista d...
-
Represa de Sobradinho, na Bahia, atinge pior nível da história, revelando proporção da crise que obriga Três Marias a manter altas vazões e...
-
A perda da vazão natural afeta populações ribeirinhas e a reprodução de várias espécies de peixes “O rio São Francisco é, hoje, um can...
-
Meu rio de São Francisco D.Frei Luiz Cappio e Roberto Malvezzi Meu rio de São Francisco, nesta grande turvação, vim te dar um gole d'águ...
-
Embora muitas igrejas tenham sido demolidas ou se encontrem em ruínas e despojadas de seus tesouros artísticos, ainda restam exemplos da art...