Mostrando postagens com marcador sustentabilidade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador sustentabilidade. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Uma Riqueza Incalculável!



Enquanto a quase totalidade dos países desenvolvidos já esgotou suas reservas naturais, o Brasil ainda detém parcela expressiva de seus recursos hídricos, minerais, florestais, sua fauna, cavernas e cerrados, podendo, inclusive, reverter o quadro de desmatamento, incêndios e desolação causado pelos avanços da agro-indústria, da pecuária, das madeireiras e das mineradoras.

Na Amazônia, grande parte dos territórios do Pará e do Mato Grosso já está irremediavelmente perdida pela exploração descontrolada. No entanto, cerca de quatro milhões de quilômetros quadrados de florestas ainda subsistem dentro de nossas fronteiras; isso representa metade de nossa extensão territorial como Nação.
Da Mata Atlântica, menos de 7% restaram preservados; no entanto, trata-se de uma das mais complexas biodiversidades do planeta, e localiza-se dentro dos territórios mais desenvolvidos de nosso país. Mesmo sendo uma área protegida, a Mata Atlântica sofre intensas pressões desenvolvimentistas pela sua ocupação e destruição, principalmente pela indústria extrativista.
O Cerrado tem sido devastado intensamente nos últimos 50 anos; hoje é o bioma mais ameaçado do Brasil, apesar de suas riquezas e complexidade. As plantações de soja, a criação de gado, a exploração da madeira e a produção de carvão ameaçam destruir esse frágil ecossistema, onde as águas dependem de fontes extremamente vulneráveis, como as matas de galeria, que protegem o lençol freático que as sustenta, em um "comensalismo" fantástico.
De nossas bacias hidrográficas, a Amazônica é a maior do mundo e ainda se encontra satisfatoriamente preservada. Muitos dos seus afluetes estão entre os maiores rios do mundo, seja em extensão ou em volume de águas. No entanto, as novas hidrelétricas em construção ameaçam esse território e podem acelerar a ocupação da Amazônia e sua devastação.
O rio São Francisco foi a primeira grande bacia hidrográfica descoberta no Brasil, em 1501, ainda antes do início do processo de colonização portuguesa. Por isso, ao longo desses 500 anos vem sendo ocupado e degradado continuamente, restando pouco de suas matas ciliares; a maioria de seus afluentes, e ele próprio, estão contaminados pelo esgoto doméstico e industrial, e pelos produtos químicos usados nas lavouras e pastagens; o rio se esgota lentamente.
Apesar de todos esses ataques às nossas riquezas naturais, ainda é tempo de autoridades, pesquisadores, educadores, empresários e população em geral darem-se conta da imensa riqueza que esse patrimônio natural representa hoje e poderá representar no futuro, quando as demandas por alimentos, por fármacos, por água exercerem pressões insustentáveis no mundo, devido ao crescimento populacional e ao esgotamento de outras fontes de energia.
Principalmente as águas! Sabemos que o volume de água doce no mundo é insuficiente para atender a uma superpopulação em crescimento. Quem detiver as maiores reservas de água terá um tesouro de valor inestimável em suas mãos, maior até do que representou o petróleo desde o início do século passado. Por isso precisamos criar políticas públicas que assegurem a perpetuação dessas riquezas e sua exploração controlada e sustentável...
A proteção desses recursos naturais passa, necessariamente, pela revisão dos critérios de proteção ambiental, pela definição de reservas ecológicas que protejam todos os mananciais importantes, pela imposição de penas rigorosas àqueles que poluam fontes de águas e destruam suas matas ciliares, pela definição e execução de programas educacionais voltados para a conscientização ambiental das futuras gerações que herdarão o nosso país!

Mais um aviso de que a água pode faltar

[EcoDebate] A Semana Mundial da Água teve início no domingo em Estocolmo, na Suécia, e segue até o próximo sábado com especialistas do mundo todo discutindo este líquido cada vez mais precioso.

Mas já na semana passada o tom de preocupação que domina o encontro era antecipado por Colin Chartres, presidente do Instituto Internacional de Gerenciamento de Água, ou IWMI, sigla do nome em inglês. A organização tem sede no Sri Lanka e levou para os debates da Semana da Água na capital sueca um relatório impactante sobre a necessidade de revitalização da irrigação na Ásia.

Em alerta feito numa entrevista à agência Reuters distribuída no mundo todo, o presidente do IWMI dizia que só com a conservação da água e o aumento da produtividade no campo é que será possível alimentar a população adicional de 2,3 bilhões de pessoas, a previsão de aumento populacional do planeta até 2050 — hoje estamos em 6,8 bilhões.

A Ásia é um continente que causa grande apreensão, com seus 1,5 bilhões a mais de população previstos também para 2050. Para o encontro em Estocolmo o IWMI preparou junto com a Organização de Alimentos e Agricultura, da ONU, um relatório com estudos sobre a imensa demanda de alimentos que será criada com o aumento populacional.

A questão vital é onde arrumar água para tanta gente. “Se você olhar as tendências atuais”, diz Chartres, “verá que precisaremos de muito mais água, e nós não temos”. Sem racionalizar o consumo e investir na preservação, teremos tempos bem ruins pela frente.

A agricultura é o setor que mais usa água. Em muitos países este consumo é de 70%, noutros pode chegar a 90%. Para agravar o problema, a agricultura também é altamente poluidora. No Brasil, é a segunda maior fonte de poluição, perdendo apenas para o esgoto doméstico.

Segundo Chartres, até 2030 a demanda na Índia vai exceder o fornecimento de água em torno de 20% a 40%. No momento a demanda naquele país é um pouco menor do que o suprimento.

Os problemas hídricos da Índia deviam ser tomados como um exemplo mundial, como uma precaução em relação ao que pode acontecer em outros países, caso não seja corrigido o uso descuidado da água. Outro estudo publicado também na semana passada pela revista científica Nature mostra que a escassez de água que hoje aflige os indianos tende a piorar. Conforme a publicação, as reservas do norte daquele país estão se esgotando.

O trabalho foi desenvolvido com a tecnologia do Centro de Vôo Espacial Goddard, da Nasa, e do Centro Aeroespacial da Alemanha, usando um sistema de satélites lançado em 2002 que tem a capacidade de indicar mudanças nos estoques de água do subsolo a partir de variações na gravidade terrestre.

Com este suporte, os cientistas chegaram ao indicativo de que as reservas de água no subsolo que vai da capital, Nova Délhi, até os cinturões agrícolas caiu a uma taxa de 4 milímetros de 2002 a 2008. A perda implícita é mais que o dobro do maior reservatório do país. E pior, esta queda ocorreu em anos em que não houve falta de chuvas.

Por conta disso, a questão da água entrou na agenda política indiana. E de forma meramente demagógica. Torna-se comum os políticos prometerem eletricidade gratuita para agricultores extraírem água do subsolo.

O ponto dramático da questão é que a escassez vem em grande parte exatamente dessa prática. A chamada Revolução Verde indiana aumentou de forma extraordinária a produção agrícola fazendo uso da água subterrânea para irrigação, recurso contrário à preservação.

As soluções de longo prazo encontradas com o estudo do IWMI também apontam longe dos gastos com projetos caros de infraestrutura. Hoje na índia, por exemplo, os políticos estão pensando em grandes programas de transferência de água dos rios, a exemplo do que vimos no Brasil, com a obsessão pela transposição do rio São Francisco.

Chartres diz que há uma porção de coisas que se pode fazer antes de optar para estes esquemas caríssimos. A conservação dos recursos hídricos e o uso equilibrado da água em todas as atividades humanas ainda é o caminho mais indicado.

Fonte: Colaboração do Movimento Água da Nossa Gente para o EcoDebate, 21/08/2009

2020 Climate Leadership Campaign

The urgency of global warming mandates that each and every one of us become climate leaders. For the first time in our lives, indeed for the first time in history, all of us must take responsibility for our climate, whether at the individual, community, company, institution, state, or national level. We are all responsible for global warming. We must all share in the leadership required to solve it, for nothing less than the fate of human civilization is at stake. The crisis is that stark, the choice is that clear, the leadership required is that urgent.

If we rise to this challenge, if we take climate leadership, we will generate climate prosperity because it is precisely our capacity to solve our greatest crisis that affords us our greatest opportunities for growth within the context of sustainability and alignment with natural systems.

Our 2020 Climate Leadership Campaign has a number of components. All these themes are integral to our 2020 Climate Leadership Campaign and constitute what we consider to be essential aspects of leadership on the issue of climate change. The themes, detailed below, include:

1. “2050 by 2020” Call to Action
2. Planning for 2020
3. Developing on line collaboration
4. Brazil 2020 Campaign
5. Timeline for first year

1. “2050 by 2020” Call to Action

At the heart of our 2020 Climate Leadership Campaign and the purpose of the of the Brazil 2020 Campaign is resolving the contradiction between what our governments are negotiating and what our scientists are asserting about the accelerating pace of global warming. This is why climate leadership is so crucial. Our scientists are telling us that we are rapidly running out of time to take decisive action. Yet our governments are acting as if they have the next forty years to reduce carbon emissions by 80% -- promising to solve the problem by 2050. This is what the Copenhagen negotiations are all about -- taking the next forty years to do what scientists tell us we need to do in the next ten.

In the meantime, CO2 emissions continue to increase and are projected in most 2050 scenarios to continue rising until they peak at around 2030. This basically allows business as usual for another twenty years. In the meantime, we are spewing into the atmosphere 70 million tons of CO2 each and every day and in fact put into the atmosphere more CO2 in 2008 than any previous year. The more our scientists discover about global warming, the more urgent the situation becomes and the more immediate the timeframe for serious action. The current world situation with regard to climate change is worse than the worst cast scenario of the IPCC in its 2007 Report.

Even more troubling is the fact that even if the governments are successful in reducing carbon emissions by 80% by 2050, this accomplishment would be essentially irrelevant to dealing with global warming in any meaningful way. A recent study by MIT states that if all the governments completely fulfill their current promises, which essentially are pointed toward reducing carbon emissions by 80% by 2050, we will have reached over 600 ppm of CO2 by then and global temperatures will have risen at least 4 degrees Celsius.

This contradiction between what the governments are negotiating and what the science says is the most crucial fact in the climate change crisis today. According to the 2006 Stern report and numerous other models, a rise of 4 degrees Celsius would put hundreds of millions of people at risk of coastal flooding each year with sea level rises of up to 25 meters. There would be dramatic reductions in water availability and increased droughts around the world. A 4C rise would lead to the loss of 85% of the Amazon rainforest, for example. Agricultural yields would radically decline and the world would face severe food shortages. Approximately 20%-50% of all animal and plant species would face extinction.

It is for these and other reasons that when he accepted the 2007 Nobel Peace Prize on behalf of the IPCC, Dr. Rajendra Pachauri said "If there's no action before 2012, that's too late. What we do in the next two to three years will determine our future. This is the defining moment." Thousands of scientists around the world agree. Lester Brown, who will keynote our conference, states bluntly that we are facing the demise of human civilization itself if we do not take action now.

Our leadership must be based on what is scientifically urgent, not on what is politically expedient. Thus our strategic intention and call is a very simple one:

What our governments are negotiating for 2050 must be accomplished by 2020 and we must all be prepared to demonstrate the climate leadership required to accomplish this.

We must somehow build a global coalition around reducing our carbon emissions by 80%, shifting the basis of our economies from fossil fuels to renewable energy and clean technologies, and reordering our lifestyles and life choices accordingly, all by 2020.

2. Planning for 2020

At the heart of what we must achieve through our Climate Leadership Campaign is to begin the process of discerning how to implement a viable pathway to reducing our carbon emissions by 80% by 2020 and doing so using available technologies and with the intent of producing prosperity and growth. We believe we can achieve a 2020 goal in a spirit of optimism and abundance. Our central thesis around 2020 is that our climate crisis is a climate opportunity and that by solving global warming in a decisive manner we will also solve our financial and economic woes and generate social and economic growth.

We believe that we can accomplish this goal using available technologies and innovative thinking. We are not in a crisis because we have no solutions. We are in a crisis because we are not implementing solutions already here.

What can and should unite us is a common goal of reducing carbon emissions by 2020. We believe this is the key goal because it is specifically the release of CO2 into the atmosphere that is causing global temperatures to rise, the ice caps to melt, the droughts to multiply, the seas to increase, and the frequency and intensity of extreme weather events to so dramatically increase.

How each of us gets to the goal of reducing CO2 emissions will be different. Each community, city, region and nation will have different challenges and constraints and thus any 2020 scenario will by definition be decentralized and highly diversified. Climate leadership will have many pathways, many forms, and many results. This is as it should be. Within the context of the clearly defined common goal of “2050 by 2020,” we believe as much creativity, diversity, celebration and collaboration as possible should be encouraged.

In thinking about climate leadership by 2020, we suggest the following seven “wedges” be considered as starting points which, when taken together, make the pathway to 2020 possible:

1.Reducing reliance on fossil fuels
2.Implementing energy efficiencies
3.Creating clean technologies
4.Developing renewable energy
5.Cleaning up natural systems
6.Creating sustainable lifestyles
7.Establishing a culture of sustainable growth


You will note that the first five of these are what we can do and the last two are what we believe and how we live our lives. These have to do with our interiors. This is an important part of what we mean by “Climate Leadership.” Our leadership must be as personal as it must be public and affect our lifestyles as much as it affects public policy. We cannot reduce carbon emissions by 80% and develop climate prosperity by 2020 without coming to terms with the stark fact that our lifestyles and our cultural beliefs are as unsustainable as our corporate activities and our national policies. To deal decisively with global warming, we must take an integral approach which looks at our interiors as much as our exteriors, our beliefs as much as our actions. All aspects are integrally involved in both our crisis and our solution. We will thus be using an integral framework as the operating system of our 2020 scenario planning. Climate leadership must be integral leadership.

3. Long Term Online Collaboration

In addition to exploring the imperative of “2050 by 2020” and beginning work on developing 2020 Climate Leadership Campaigns, a third crucial aspect of our conference will be how we can come together on line so that we can continue to share information and collaborate beyond the conference itself. What we are launching is a ten year initiative and thus must have a way to stay together, build momentum, and spread the word.

In this endeavor, we have partnered with the Gaiasoft corporation in the UK, which has pioneered a very sophisticated software to enable real time information sharing, active collaboration and project management. We have also partnered with the Hague Center in the Netherlands which has pioneered using the Gaiasoft technology in groups and developed “meshworks” of engagement and collaboration around interests of common concern.

4. Brazil 2020

What is also unique about our over-all 2020 Climate Leadership Campaign is the role Brazil is playing. While virtually all the countries in the world either dither or vaguely commit themselves to reducing carbon emissions by 80% by 2050, the country that seems poised to develop a national mobilization around climate leadership is Brazil. Brazil’s use of ethanol for cars is the highest in the world. Brazil already produces over 50% of all its energy from renewable sources, as opposed to 12% for the EU and 10% for the U.S. Its’ largest electric utility, Central Electric of Minas Gerais (CEMIG) generates 92% of its electricity from renewable sources and was determined by the Dow Jones Sustainability Index as the best energy company in the world in 2007.

Most importantly, Globo TV, the largest media company in Brazil and the fourth largest in the world, has committed itself to dealing seriously with global warming and is developing a sustained public education campaign on climate change. This marks the first Fortune 100 company anywhere in the world that we know of to do so, certainly the first major media company. The fact that Globo is launching a national public education campaign is a dramatic demonstration of climate leadership and may catalyze a mobilization that is national in scope. Given the increasing urgency of the climate crisis, national mobilizations are essential to plan for and to catalyze.

This kind of leadership is important because Brazil is not a small obscure country with little impact. It is one of the largest countries in the world, it is richly endowed with natural resources, its demographics are very similar to that of the world population, it is at peace with all its neighbors, its banks and its economy, though effected by the downturn in the global economy, are relatively stable and strong, and it contains the Amazon.

This is not to say that Brazil is already there. The government has shown little leadership on the issue of global warming and has tolerated, if not encouraged extensive clear cutting of the Amazon. There is also systemic exploitation of the general environment. But huge portions of Brazilian society are waking up and leaders in the Brazilian political, business and civil society sectors understand the urgency, are willing to take leadership, and are mobilizing around Brazil 2020 -- a ten year plan to green the Brazilian economy. All these reasons make Brazil an ideal nation to take the kind of leadership the world needs at this critical hour.

It is in recognition of the important role Brazil can potentially play in the global effort to demonstrate climate leadership that State of the World Forum is launching its global 2020 Climate Leadership Campaign in the city of Belo Horizonte, Brazil.

5. Timeline

Because the 2020 Climate Leadership Campaign is a ten year campaign, State of the World Forum is committed to convening a series of major conferences in different world cities through 2020 as we build a global coalition around “2020 Climate Leadership Initiatives.” What follows is what we are planning for the first year:

1. Our August 4-7 State of the World Forum in Belo Horizonte will serve two purposes. It serves as the actual launch of the global 2020 Climate Leadership Campaign and representatives from all over the world are being invited to participate. It also serves as the launch of the Brazil 2020 mobilization and representatives from media, civil society, the private sector and scientific institutions from all over Brazil will be gathering for our meeting as well. Thus there will be both a global discussion as well as a specifically Brazilian component to the August event. A significant part of the conference will also be to begin development of 2020 strategies with an emphasis on the innovative technologies and lifestyle changes that can get us there successfully.

2. The State of the World Forum in Washington, D.C. February 28 – March 3, 2010 will be the second step in the global campaign. The Washington event will again have two components: a global aspect around the 2020 Climate Leadership Campaign and it will profile the national campaigns, like Brazil 2020, that are underway by that point, such as are beginning to take shape in Australia, Mexico, and the Netherlands. The over-all goal is to empower people everywhere, personally as well as collectively, to create greener and more resilient lifestyles and communities within a 2020 timeframe with the emphasis that all of us must take up climate leadership.

3. The State of the World Forum in Rio de Janeiro August 30 – September 3, 2010 will complete our first year of convenings. By then, we will have had a year to get things underway, build constituencies, and refine our message. The Brazil 2020 campaign will have developed along with other Climate Leadership Campaigns.

One synergy that is emerging is with Peter Gabriel and his World of Music and Dance (WOMAD) festival that will be in Salvador, Brazil September 4 – 7, 2010 immediately following our Rio Forum. This allows for a significant potential for blending content and music with one of the world’s most notable activist musicians. Given what is developing, this 2010 Rio Forum could equal or be larger than the Earth Summit in Rio in 1992.

Beyond 2010, we will work together to select other countries where Forums can be convened that will emphasize efforts toward sustainability and promote 2020 Climate Leadership Campaigns. All along the way, we will be building Climate Leadership Campaigns and holding our Forums wherever they will support and nurture national 2020 campaigns. The most likely candidates for the 2011 State of the World Forum are Melbourne, Australia, Mexico City, Mexico, or The Hague, Holland.

What we would stress in conclusion is that all of the above has emerged in the last four months and is thus very dynamic and subject to change as the world situation continues to unfold, the crisis of global warming escalates, and the necessity of climate leadership becomes more urgent. We believe our strategy is in alignment with both the crisis and the solution that needs to be implemented. We are way past ad hoc solutions. Given the enormity of the crisis, only national mobilizations and decisive time-sensitive climate leadership will suffice. We believe that what is evolving, as described above, satisfies both these two requirements of scale and timing, and we are would be honored to have you join our efforts. Climate Leadership is the clarion call of our time.


Fonte: WorldForum.Org

Minas Gerais altera Lei Ambiental


Estado aprova lei pioneira no pais, restringindo para 5% o uso de matéria-prima de florestas originais para empresas em sua produção anual

Na primeira semana de agosto Minas Gerais foi sede de um dos mais importantes eventos do calendário ambiental no mundo, o 2020 Climate Leadership Campaign, que estabeleceu metas para a redução, em 30 anos, do tempo para que se atinja o controle do aquecimento global. Alinhada com a proposta no evento, a Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG) anunciou na terça-feira (11), alterações na Lei Florestal. As mudanças visam, principalmente, o controle e redução do uso de florestas por empresas e indústrias mineiras.

As alterações preveem que até 2018 apenas 5% das florestas nativas sejam utilizadas como matéria-prima. O antigo texto afirmava que a vegetação original poderia ser utilizada em sua totalidade, desde que as empresas consumidoras replantassem duas árvores para cada uma derrubada. Sua implementação será gradual, com o percentual de utilização diminuindo em períodos de anos, até que chegue aos 5% de 2018. Entre 2009 e 2013 as indústrias poderão utilizar 15% de mata nativa em seu consumo anual total. Entre 2014 e 2017 esse percentual cairá para 10%, sendo finalmente reduzido a 5% após este segundo período.

Para incentivar a redução imediata no consumo, no entanto, o Governo mineiro promoveu, também, alterações na parte da lei que trata da reposição de árvores. As empresas que optarem por manter o consumo de matéria-prima florestal nativa até o limite de 15% terão de observar novos critérios de reposição. A utilização de 12 a 15% de consumo total proveniente de mata nativa exige a reposição do triplo do consumido, ou seja, plantar três árvores para cada utilizada. Para a faixa entre 5 e 12%, a reposição será mantida com o dobro do consumido. Para o consumo de até 5%, a reposição será simples, de um para um.

Ainda sobre a reposição de árvores, os consumidores tem novas opções para o replantio: podem optar pela participação em projetos sócio-ambientais com foco na proteção e recuperação da biodiversidade, em projetos de pesquisa científica, para recuperação de ambientes naturais junto a instituições nacionais e internacionais, ou em programas de recomposição florestal ou plantio de espécies nativas, implantação de unidades de conservação e no aperfeiçoamento técnico dos órgãos ambientais.

Outra importante modificação da lei é o sistema eletrônico de rastreamento do transporte de produtos e subprodutos florestais no Estado, permitindo um melhor controle dos pontos de carga e descarga em Minas Gerais. As empresas transportadoras que atuam no estado deverão instalar dispositivos eletrônicos em todos os caminhões e estes serão monitorados por satélite. O aparelho que será instalado nos veículos permitirá o acompanhamento da trajetória da carga identificando todos os pontos de parada desde a origem até o destino da carga.

As alterações da lei fazem parte do Projeto Estruturador Conservação do Cerrado e Recuperação da Mata Atlântica, que visa diminuir a incidência de devastação nas duas localidades por meio de ações sociais e governamentais voltadas ao meio ambiente. Só em 2008 mais de R$ 10 milhões foram investidos pelo Governo de Minas Gerais na recuperação de áreas ambientais devastadas. Com as adequações feitas na lei, Minas pode se tornar, em breve, um estado modelo no Brasil. Atualmente Minas Gerais é o único estado brasileiro no qual este tipo de lei ambiental está regulamentada.

Confira abaixo as oito principais alterações promovidas na lei ambiental de Minas Gerais:

1 – Fixação de cotas decrescentes (15% a 5%) até 2018 para consumo de matérias-primas originadas de floresta nativa.

2 – estabelecimento de regras mais rigorosas em relação ao não cumprimento dos cronogramas de suprimento estabelecidos, inclusive com a possibilidade de redução obrigatória da capacidade de produção para as empresas que não se enquadrarem nas novas regras estabelecidas, incluindo a paralisação de suas atividades;

3- eliminação do dispositivo que permitia às indústrias de ferro gusa consumirem até 100% da sua demanda, com carvão vegetal de florestas nativas, mediante ressarcimento em dobro da reposição florestal;

4 – implantação de um sistema eletrônico de rastreamento do transporte de produtos e subprodutos florestais no estado, permitindo o controle eficiente dos pontos de carga e descarga destes produtos, aliando-se, desta forma, o controle da produção e consumo destes insumos;

5 – estímulo de mecanismos alternativos à formação de plantações florestais, através de comercialização de créditos de carbono, tanto pelo aumento de estoques florestais, quanto pela adoção de alternativas de substituição energética.


6 – Novo sistema de cadastramento de produtores e consumidores de produtos e subprodutos florestais incluirá transportadores de madeira.

7 - Uma inovação é apresentada pela emenda nº 9, que define, pela primeira vez na legislação, a destinação dos recursos obtidos com a arrecadação de multas ambientais. A emenda estabelece que 50% dos recursos serão aplicados no programa Bolsa Verde, que consiste em pagamentos de serviços ambientais prestados por produtores rurais.

8 - A emenda nº 4 amplia de oito anos, como previsto anteriormente, para o máximo de nove anos, o prazo para que os consumidores de produto ou subproduto da flora (madeira, estéreos ou carvão) promovam o suprimento de suas demandas com florestas de produção na proporção de 95% do consumo total de matéria-prima florestal. Dessa forma, a adequação deverá ser feita até o ano agrícola 2019-2020.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O difícil retorno à jornada...

Já se passaram quase 60 dias desde que interrompi minha jornada. Na época, pareceu-me a decisão mais acertada diante das dificuldades financeiras e dos contratempos encontrados pelo caminho. Precisava parar e repensar minhas estratégias; era necessário trabalhar o material coletado e estudar a metodologia a seguir, em face de meus objetivos; fundamental era buscar patrocínios para cobrir os custos já realizados e suprir aqueles ainda por vir.

O tempo decorrido foi bom para esse exercício de reflexão sobre os fatos passados; todo material coletado foi revisto, reescrito e parcialmente publicado, e deu origem a novas análises e textos inspirados nas vivências recolhidas pelo caminho. No entanto, nenhum patrocínio foi conseguido e minha situação financeira se agravou.

Esgotadas as possibilidades de apoio, minha decisão foi: VOLTAR AO RIO! Pode parecer absurda e inconsequente essa escolha, mas eu não tinha alternativas: ou volto agora, ou desisto definitivamente da expedição e de meu projeto de vida. Nem tenho tempo para esperar, devido à próxima estação chuvosa, nem posso protelar meus projetos ambientalistas, sob o risco de não conseguir realizar novas expedições no futuro...

Agora estou revisando os planos e refazendo a bagagem: rever prazos, cidades a serem visitadas, ponto de retomada da expedição, saldo de alimentos dentro do prazo de validade, equipamentos eletrônicos, substituição do material que foi danificado ou perdido, revisão de vestuário e outros detalhes. É, praticamente, uma nova expedição, embora a maioria das tralhas sejam as mesmas.

Meu propósito é partir de Ribeirão Preto no início de setembro, de ônibus, para Belo Horizonte, e de lá para Três Marias. Levarei a canoa de balsa para Morada Nova de Minas, de onde retomarei a navegação, depois de refazer os remendos com silver tape. Farei isso para poder ter a experiência de remar no lago de Três Marias.

Chegando novamente à barragem, tentarei conseguir transporte para fazer a portagem, e seguirei viagem em direção a Pirapora. Nesse trecho terei três novas portagens: cachoeiras Grande e Criminosa, e corredeiras de Pirapora. Daí em diante vou até Sobradinho, onde provavelmente terei que conseguir carona nas balsas de transporte de soja até a eclusa. Sigo então até Petrolina, onde precisarei obter mais informações para o rest.o do percurso.

Sei que preciso fazer portagens em todas as barragens de Itaparica, mas desconheço as condições do rio nesse trecho, existência de corredeiras, redemoinhos e outros riscos para a navegação. Minha expectativa é de chegar à foz até o dia 15 de dezembro pois, além das portagens e das cidades, terei a visita ao Parque de Peruaçu e as próprias represas para conhecer e explorar.

Esse é o meu novo plano de ação. Pouco? Não, apenas o necessário para prosseguir...

Parque Nacional "Cavernas do Peruaçu" (Itacarambi/MG)

CAVERNAS, GRUTAS, LAPAS... É O PERUAÇU

Gruta do Janelão - Cavernas do Peruaçu
Imagine uma caverna cuja porta de entrada tenha mais de 80 metros de altura. Agora, siga o ruído contínuo de água que se ouve e descubra um rio subterrâneo - o rio Peruaçu, cortando os paredões da gruta ao longo de 4 quilômetros. Alterne trechos escuros e nichos mergulhados em intensa luz solar jorrando de clarabóias gigantescas. Coloque um pé-direito com mais de 100 metros de altura e a maior estalactite s do mundo - 28 metros medidos e comprovados pela Sociedade Brasileira de Espeleologia. Pronto! Essa é a Gruta do Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.

Mas essa não é a única atração do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. Há as Grutas dos Desenhos, do Caboclo, do Brejinho, do Brejal, dos Cascudos, dos Troncos, do Índio, Bonita, do Carlúcio, do Rezar, entre outras.

A majestade desse santuário espeleológico e arqueológico pode ser comprovada através das imagens da reportagem do Globo Repórter de Dezembro/2002, mas sempre faltarão palavras para retratar toda a suntuosidade do lugar. Essa reportagem encontra-se disponível na página (veja o vídeo):
"
Reportagem" do Globo Repórter sobre o Peruaçu.

Localizado no Norte de Minas Gerais, num vale de 17 quilômetros, entre os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, e entrecortado pelo Rio Peruaçu, o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu é considerado um dos mais importantes sítios arqueológicos do mundo.

Um santuário alheio à presença do homem

Atraídos pela quantidade de cavernas, sítios arqueológicos, formações rochosas em calcário e pela biodiversidade do Vale do Peruaçu, entidades e pesquisadores começaram a pressionar o poder público para que criasse uma Unidade de Conservação (UC) na região ainda nos anos 70.

Em 1989, foi oficialmente instituída a Área de Proteção Ambiental (APA) Cavernas do Peruaçu. Cinco anos mais tarde, o Governo de Minas Gerais transformou parte dessa APA no Parque Estadual Veredas do Peruaçu.

Em 1999, a pressão popular resultou na criação do Parque Nacional do Peruaçu, com 56,8 mil hectares, localizado nos municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, ao longo de 92 kilômetros do Rio Peruaçu. Objetivo: preservar o valor paisagístico, geológico, espeleológico, arqueológico e histórico da região do Vale do Rio Peruaçu, à margem esquerda do São Francisco.

Além de sua importância histórica e arqueológica, a área é das mais belas. Dentro do parque nasce o Rio Peruaçu, que percorre áreas alagadas, mergulha num cânion com paredões de mais de 100 metros de altura, de lado a lado, onde esculpiu verdadeiras obras-primas no solo calcário da Província Geológica de Bambuí.

Apesar de seu potencial ecoturístico,o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu
ainda não está aberto à visitação até que fique pronto o seu plano de manejo.

sábado, 8 de agosto de 2009

Respeito à vida e alimentação saudável

Quando vi pela primeira vez aquela família de roedores no rio Tietê, dentro da cidade de São Paulo, pensei logo que alguém os teria colocado lá, apenas por brincadeira (de mau gosto!) ou para chamar a atenção do povo para a barbaridade de manter todo esse lixo flutuante dentro do quintal de nossas casas! As capivaras se moviam em meio ao esgoto evidente, repleto de garrafas, latas, pneus e outros tipos menos explicáveis de dejetos humanos! A imprensa se fartou de fotos e crônicas sobre essas pobres criaturas!
________________________________________________
Já estava remando há vários dias pelo rio São Francisco, e tinha passado por inúmeras corredeiras quando me deparei com esses ratões desajeitados, tímidos e familiares, à beira do rio. Eram uns dez filhotes e os seus pais, completamente à vontade nas águas, e mergulharam assim que me viram por perto. Fiquei a procurar as capivaras, com a máquina fotográfica em uma das mãos e a filmadora na outra.



Passou-se mais de um minuto e eu desisti de captar aquela cena; guardei os equipamentos e continuei a remar. Pouco depois eles reapareceram em ambas as margens do rio, olharam para mim desconfiados, e ficaram para trás, acompanhando o fluir do rio, que levava embora minha canoa...
Encontrei o "seu" Roberto, pescador, alguns dias depois; ele me falou que ainda caçam essas criaturas no Velho Chico! Fiquei arrasado! Como podem comer esse bichinho inocente? Então me lembrei que eu ainda como carne de boi, porco, frango, peixes... eles não seriam também inocentes e dignos de nossa compaixão? O que difere um animal criado para ser sacrificado, sem ritual e sem piedade, apenas para nos alimentar, e um animal selvagem, pego numa caçada sem glória por um ribeirinho qualquer?

Somos todos iguais em nossa crueldade desnecessária! É saborosa a carne, diríamos sem piedade, diante de um prato de guisado de pato ao molho pardo (existe esse prato?). E a nossa carne, também não seria saborosa para um tubarão, para uma onça pintada ou um jacaré? Toleraríamos ver um ser humano sendo mastigado por um animal, destroçado como um bicho qualquer na Natureza? Então, não diferiríamos, em nossa conduta, dos animais "irracionais"?
Para que serve nossa racionalidade e espiitualidade se não poupamos os seres vivos de nossa gula?
Se temos consciência de nosso papel neste mundo, se evoluímos como espécie ao ponto de podermos cultivar nossos próprios alimentos, dosando os nutrientes de forma adequada a uma vida saudável e refeições saborosas, por que matar os animais?
Se esse argumento não é suficiente para nos convencer das vantagens do vegetarianismo, pensemos que uma criação de gado extensiva, além de provocar a destruição de florestas, gera gás metano em quantidade suficiente para competir com os veículos das grandes cidades na produção do efeito estufa! Incrível, não é mesmo? Pois vejamos, então, os números:
À pecuária cabe a fatia de 65 por cento do óxido nitroso (N2O) que é lançado para a atmosfera pelo homem, um gás que é 296 vezes mais potente do que o CO2 em termos de efeito de estufa. Além disso, na estratosfera pode originar óxidos de azoto que destroem o ozono e que são responsáveis pelas chuvas ácidas e o nevoeiro fotoquímico. O N2O é libertado pelo estrume. Por outro lado, a criação de gado emite 37 por cento do total de metano - que é 23 vezes mais potente que o CO2 e tem origem principalmente nos gases emitidos pelo sistema digestivo dos ruminantes - e por 64 por cento do amoníaco, que contribui também para as chuvas ácidas! (Fonte: Agência das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação - FAO).
Hoje, a criação de gado é feita em 30 por cento da superfície arável terrestre, ocupada sobretudo com pastagens. Tem sido apontada como um dos grandes responsáveis pela destruição das florestas tropicais, principalmente na América do Sul. Mas as consequências ambientais desta atividade passam também pela degradação do solo devido ao sobrepastoreio e à erosão. É igualmente das atividades humanas que mais impacto têm nos recursos hídricos devido à poluição que gera através das fezes dos animais, os antibióticos e hormônios usados, os químicos dos curtumes e os fertilizantes e pesticidas utilizados nas culturas forrageiras.
Esses argumentos deveriam ser suficientes para convencer ao menos os ambientalistas sobre as vantagens dos hábitos vegetarianos na alimentação humana... se cinco bilhões de pessoas comessem 100 gramas de carne por dia, seriam 500 mil toneladas ou um milhão cabeças de gado por dia! Só mesmo a miséria e a fome extrema podem evitar essa desgraça...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Preservação Estratégica para Recuperar o São Francisco


11 de Abril de 2009

Bacia de um dos principais afluentes do São Francisco, o rio Pandeiros, abriga complexo ambiental pouco conhecido, mas de enorme importância estratégica

Islaine F. P. Azevedo,
Yule R. F. Nunes,
Maria das Dores M. Veloso,
Walter V. Neves e
G. W. Fernandes


A rica diversidade da flora e fauna de Minas Gerais é resultado da grande variedade de condicionantes do clima, relevo, recursos hídricos e presença dos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga. Uma biodiversidade fundamental para o patrimônio natural, o que justifica a necessidade de preservação.
Mas o processo de ocupação de Minas Gerais, por um modelo de desenvolvimento ligado à utilização intensiva e inadequada dos recursos naturais, comprometeu consideravelmente sua biodiversidade. Áreas naturais do estado sofreram profundas alterações em conseqüência das intensas e contínuas ações antrópicas, algumas delas talvez irreversíveis. Apenas 33% da cobertura vegetal nativa do estado estão preservadas, segundo o Instituto Estadual de Florestas (IEF). E grande parte dessa cobertura vegetal está no norte do estado, confinada em unidades de conservação (UCs).
A área de Proteção Ambiental (Apa) do rio Pandeiros, criada pela Lei 11.901 de 01/09/1995, merece destaque pela ocorrência de ambientes estratégicos para a conservação do patrimônio natural. Com 393.060 hectares, essa área de proteção abrange toda a bacia hidrográfica do rio Pandeiros, incluindo os municípios de Januária, Bonito de Minas e Cônego Marinho. É a maior unidade de conservação de uso sustentável do estado e tem como objetivos compatibilizar a conservação da Natureza com o uso sustentável de parte de seus recursos hídricos, além de proteger a diversidade biológica presente em lagoas marginais, córregos, cachoeiras, veredas e, principalmente, no único pântano mineiro. O rio Pandeiros, que integra a bacia do médio São Francisco é considerado um afluente estratégico na margem esquerda desse rio.
A presença de espécies vegetais comuns ao cerrado e à caatinga caracteriza o local como área de transição, com ocorrência de formações e adaptações particulares. Isso significa, tanto importância biológica como área prioritária para pesquisa científica.
O Atlas de conservação da biodiversidade em Minas Gerais, publicado em 2005 pela Fundação Biodiversitas, classifica a Apa do rio Pandeiros como área prioritária para a conservação da biodiversidade. O norte de Minas, no entanto, é provavelmente a região menos estudada do estado, com parcos levantamentos de flora e fauna. O conhecimento do potencial ecológico das espécies vegetais e animais da região auxilia na manutenção da preservação ambiental dessas espécies, reduzindo assim os riscos de extinção regional, em decorrência de práticas antrópicas predatórias.


Refúgio para a Ictiofauna


O pântano do rio Pandeiros tem área alagável que varia de aproximadamente 3 mil ha (estação seca) a 5 mil ha (estação chuvosa) e é responsável por 70% da reprodução e desenvolvimento de peixes do médio São Francisco.
Nos arredores do pântano, encontra-se um complexo de lagoas marginais, interligadas no período das chuvas, utilizadas como criadouros por espécies de peixes de piracema, que percorrem longas distâncias no São Francisco para a reprodução. Entre essas espécies estão o dourado (Salminus franciscanus), piau-verdadeiro (Leporinus elongatus), matrinchã (Brycon lundii), surubim (Pseudoplatystoma corruscans) e pacu (Myleus micans). O pântano também serve de abrigo e fonte de recursos alimentares para muitas aves, caso do martim-pescador (Ceryle torquatus), pato-do-mato (Cairina moschata), mergulhão- pequeno (Tachybaptus dominicus) e garçabranca- grande (Casmerodius albus).
A importância desse local fez com que, nos limites da Apa, uma área de 6 mil ha se tornasse Refúgio de Vida Silvestre (Revise), como uma categoria de unidade de conservação de proteção integral de ambientes naturais, onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies da flora e da fauna residente ou migratória. O refúgio abriga ainda grande parte das lagoas marginais, cachoeiras, o pântano e a foz do rio Pandeiros, ambientes críticos para a manutenção da ictiofauna do rio São Francisco. Assim, a conservação do rio Pandeiros é fundamental para a revitalização desse rio.
O pântano do rio Pandeiros é considerado ambiente único no estado, e a proteção assegurada pelo refúgio não é suficiente para a sua preservação. Muitos impactos ambientais causados em toda a extensão da Apa estão refletidos no pântano, entre eles o assoreamento, principalmente devido à degradação das veredas e da vegetação ciliar. Esse é um dos mais graves danos ambientais.

Oásis no Polígono das Secas


As águas do Pandeiros e seus afluentes, assim como muitos outros rios do cerrado, são sustentadas principalmente por inúmeras e extensas veredas que representam, na realidade, um oásis em meio à paisagem árida do norte de Minas Gerais, sob a forma de refúgios e corredores naturais da fauna e da flora. As veredas da Apa do Pandeiros são classificadas pela presença de uma palmeira, mais conhecida como buriti (Mauritia flexuosa), e, na maioria das vezes, está associada a espécies arbóreas de mata ciliar e do cerrado, dando a impressão de floresta exuberante. As veredas são legalmente protegidas como Áreas de Proteção Permanente (APP), numa tentativa de conservar um ecossistema frágil e suscetível à degradação.
Em contraste com a rica biodiversidade do local, a população carente do semi-árido mineiro vive em pequenas comunidades rurais, utilizando os recursos naturais da região como forma de subsistência, mas de maneira indevida e não sustentável. A maior parte da degradação ambiental da Apa do rio Pandeiros tem origem em bases sociais. Para os moradores, a extração de lenha do cerrado e transformação das áreas alagadas das veredas em terras de cultura agrícola, com freqüente uso do fogo e de sistemas de drenagem errôneos, é uma estratégia de sobrevivência.
A importância ecológica e a vulnerabilidade da diversidade biológica dos ecossistemas da Apa do rio Pandeiros despertaram as atenções de um grupo de pesquisadores. A intenção é realizar trabalhos científicos no local para desenvolvimento de estratégias de conservação da biodiversidade. Neste sentido, foi montada uma sub-rede de pesquisa “Ecologia, Conservação e Uso Sustentado em Áreas da Transição entre os Biomas da Caatinga e do Cerrado no Médio São Francisco”, englobando grupos de pesquisa da Universidade Estadual dual de Montes Claros (Unimontes), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal de Viçosa (UFV). Esta sub-rede de pesquisa integra o Programa de Revitalização do rio São Francisco e é formada por cinco projetos de pesquisa e um projeto de capacitação, todos na linha de investigação em Conservação e Manejo de Recursos Naturais.
Os projetos têm prazo de dois anos de execução e reúnem cerca de 20 pesquisadores, além de 30 alunos da graduação e pós-graduação das três universidades.
Entre os projetos, a pesquisa na área de fitoindicadores ecológicos para recuperação de matas ciliares no médio São Francisco busca informações sobre as vegetações ciliares do rio Pandeiros, com pesquisa envolvendo as características florísticas, estrutura da comunidade vegetacional e estratégias de reprodução de espécies vegetais. Nessa abordagem, os locais selecionados para amostragem da vegetação ciliar incluem diversas formações vegetacionais como cerrado (sentido restrito), além de veredas e floresta estacional decidual (mata seca) e mata ciliar.


Ambiente Complexo


Os resultados preliminares de um ano de execução do projeto revelam uma vegetação exuberante e intrigante. As formações vegetais que margeiam o curso do rio Pandeiros exibem uma diversidade marcante de ecossistemas provenientes do efeito transicional entre os biomas do cerrado e caatinga e formam uma junção peculiar de mata ciliar, mata seca, cerrado e veredas.
Entre a vegetação encontrada, as matas ciliares, definidas como vegetação florestal associada a cursos d’água e a nascentes, têm uma diversidade de funções ambientais e destacam-se pela rica diversidade botânica e proteção que oferecem à fauna silvestre e aquática. Mas mesmo protegida por lei, a mata ciliar do rio Pandeiros sofre progressivas alterações tornando-se descontinua e, muitas vezes, completamente ausente. As espécies características da mata ciliar ocorrentes nas áreas amostradas foram jatobá (Hymenaea eriogyne), pau-d’óleo (Copaifera langsdorffii), ingá (Inga vera), pau-pombo (Tapirira guianensis) e bosta-de-cabra (Hirtella gracilipes).
As florestas estacionais deciduais, popularmente conhecidas como matas secas, apresentam como principal característica a perda de pelo menos 70% das folhas na estação seca. São formações florestais que ocorrem em afloramentos de calcário no cerrado e não estão associadas aos cursos d’água. Mas muitos fragmentos de mata seca estão presentes às margens do rio Pandeiros e apresentam como espécies vegetais mais representativas o angico (Anadenanthera colubrina), mamoninha (Dilodendron bipinnatum), aroeira (Myracrodruon urundeuva) e gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium).
O cerrado é o tipo fisionômico, ou seja, a formação vegetacional dominante da Apa do rio Pandeiros e está intimamente associado à vegetação ciliar desse rio. São encontradas, freqüentemente próximas às margens do rio Pandeiros, as espécies arbóreas do cerrado conhecidas como pimenta-demacaco (Xylopia aromatica), lixeira (Curatella americana), cagaita (Eugenia dysenterica) e tingui (Magonia pubescens).
As veredas ocorrem em áreas úmidas do cerrado, locais onde o afloramento do lençol freático possibilita encharcamento do solo. Essas formações são caracterizadas pela presença da palmeira buriti. Em vários trechos do rio Pandeiros, registra-se a presença de extensas veredas associadas à vegetação ciliar, que atuam na manutenção dos seus afluentes e funcionam como refúgio para a fauna durante a estação seca.
A obtenção de informações e subsídios para conhecimento da biodiversidade numa área transicional, entre os biomas Cerrado e Caatinga, seu potencial biológico, e novas possibilidades de desenvolvimento de tecnologias de recuperação de áreas degradadas da vegetação ciliar da região do médio São Francisco é o foco das pesquisas em curso.
O Programa de Revitalização do rio São Francisco contempla grande conjunto de iniciativas para permitir o uso sustentável dos recursos naturais em toda a bacia. Para que o programa se sustente, no entanto, é necessário aumentar a base de conhecimento de todos os aspectos referentes à manutenção das funções dos ecossistemas que compõem a bacia. Dessa forma, os projetos, o conhecimento gerado e as ações previstas na sub-rede deverão encaminhar ações reais de desenvolvimento sustentado que promovam a melhoria da qualidade de vida das populações locais e assegurem a biodiversidade de uma área ainda desconhecida da ciência.

PARA CONHECER MAIS

Biodiversidade em Minas Gerais: um atlas para sua conservação. G. M. Drummond, C. S. Martins, A. B. M. Machado, F. A. Sebaio e Y. Antonini. Fundação Biodiversitas, 2005.
Vereda Berço das Águas. R. S. Boaventura, C. J. Soares, F. M. Vasconcelos e J. P. C. Castro. Ecodinâmica, 2007.

Franciely Pinheiro Azevedo, mestranda em ciências biológicas da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), é bolsista do CNPq.
Yule Roberta Ferreira Nunes, professora de ecologia da Unimontes, desenvolve pesquisas na área de ecologia de ecossistemas e recuperação de áreas degradadas.
Maria das Dores Magalhães Veloso, professora de ecologia da Unimontes, é doutoranda em engenharia florestal na Universidade Federal de Lavras.
Walter Viana Neves, técnico ambiental do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais, atua na área de gerenciamento de unidades de conservação e de prevenção e combate a incêndios florestais.
G. Wilson Fernandes, professor de ecologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desenvolve pesquisas na área de ecologia evolutiva de insetos herbívoros e conservação da biodiversidade tropical.

Fonte: Scientific American Brasil – http://www2.uol.com.br/sciam/

D. Frei Luiz Flávio Cappio recebe Prêmio Cidadão do Mundo pela Fundação Kant

São Cidadãos do Mundo todos e todas que nos juntamos em defesa do São Francisco, terra e água, rio e povo


D. Luiz Cappio, em foto de arquivo

“São Cidadãos do Mundo todos e todas que nos juntamos em defesa do “São Francisco – terra e água, rio e povo”, afirma D. Frei Luiz Flávio Cappio, ofm, no discurso de agradecimento pelo Prêmio Cidadão do Mundo, da Fundação Kant. Segundo Cappio, “o atual governo, do Presidente Lula, frustrante das enormes expectativas da maioria que o elegeu, se presta a subsidiar a reprodução do modelo falido. O PAC, Programa de Aceleração do Crescimento (cerca de 178 bilhões de euros) prioriza obras de infraestrutura para o crescimento econômico a qualquer custo – até o desrespeito à lei, a povos tradicionais, a instituições do Estado”.

Eis o discurso.

Saúdo os membros da Fundacao Kant. Saúdo as autoridades presentes, especialmente o Vice-Ministro do Exterior Gernot Erler, pela “laudatio” que muito agradeco. Saúdo as senhoras e senhores presentes nesta festa magnífica, em especial a Jeff Hapter, que comigo recebe este premio. Saúdo os pobres do mundo sem vez e sem voz, que lutam por seu direitos humanos: comigo recebem este premio!

Quando me veio a notícia do Prêmio Cidadão do Mundo, da Fundação Kant, fiquei a me perguntar o por que. Que ligação teria a nossa luta no Vale do Rio São Francisco, no Nordeste do Brasil, com a filosofia de Immanuel Kant e os propósitos da Fundação que zela pelos seus ideais? Fui rever meus estudos de Filosofia, nos longínquos anos 1960. Não foi difícil perceber a intenção dos premiadores nas proposições ético-filosóficas de Kant, luminosamente atuais, de uma cidadania cosmopolítica, baseada nos direitos humanos universalizados, unidas a moral e a política.

Ser associado a esta filosofia me honra, mas não me ensoberbece. Porque o objeto da premiação não é uma pessoa ou o que por si mesma, solitariamente, ela tenha feito. Não é mérito de um, mas de uma legião de homens e mulheres, jovens e anciãos, movimentos, organizações e entidades sociais, que agem – poderíamos dizer – sob o imperativo categórico kantiano: buscar para todos o que desejaríamos que todos fizessem a todos.

Atitude que eu diria revolucionária, dada a extensão e profundidade da crise que vivemos, de civilização, de paradigma, no fundo, a mais grave crise ética. Não se pautar por princípios universais (porque os fundamentais), mas por fins meramente individualistas e utilitários, foi o que desumanizou o homem e o levou a corromper a natureza. Estamos sob o jugo de um inédito relativismo dos valores e referenciais da existência humana, uma perda coletiva do sentido da vida, da sociedade, da humanidade. Na verdade, sem exagero, não estamos longe de um estado de anomia e barbárie.

* * * * *

Como e por que chegamos a este ponto? – devemos ter a coragem de responder e não temer a resposta.
O Relatório do Desenvolvimento Humano 2007/2008, do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento revela: os 20% mais ricos do mundo absorvem 82,4% de todas as riquezas do planeta enquanto os 20% mais pobres têm que se contentar com apenas 1,6% . Este máquina de produzir desigualdade não mais se sustenta politicamente, nem se aceita eticamente.

Está evidenciado que sua raiz está no sistema da economia de livre-mercado autoregulado e absoluto – o chamado neoliberalismo e sua globalização mercantil – erigido sobre o dogma do máximo lucro, extraído a qualquer custo, até da doença e da morte de milhões de seres humanos (como acontece na África com a SIDA, como ameaça acontecer com a Gripe A). Esta pretensão a-ética não se refreia frente à danação dos semelhantes. Mas, os limites da natureza, a exaustão dos recursos naturais e o aquecimento global causado por esta civilização, se encarregam de oferecer à humanidade uma chance, talvez a última, de rever este sistema de morte e reinstaurar relações livres e solidárias com todas as formas de vida. Como diz meu mestre e irmão Leonardo Boff, “a nova era ou será da ética ou não será”.

Esta a tarefa que esta premiação nos convoca. Se as alternativas históricas ao capitalismo mostraram-se frustrantes, reproduzindo a dominação humana e a depredação natural, trata-se de, aprendendo da experiência histórica, reinventar nosso modo de vida sobre a terra.

Acredito firmemente que uma sociedade internacional justa, sustentável e pacifica, que viva e deixe viver, só é possível numa perspectiva ecossocialista. A produção se tornando ecológica e o acesso aos bens necessários produzidos se fazendo solidário, sob condições socialistas, é o que nos levará à superação das crises atuais. Acredito que a Europa, apesar das contradições do colonialismo, pela tradição da democracia e dos direitos humanos, tem um papel importante nisto.

Acredito também que os povos originários, resistentes e sobreviventes à colonização, e as comunidades empobrecidas do Sul e de todo o mundo, têm enorme contribuição a dar. Pois nutrem o desejo da mudança e conservam práticas tradicionais de relação com a natureza e entre si com mais nítidas marcas de interação respeitosa e solidária.

* * * * *

É por onde entendo e aceito o Prêmio Cidadão do Mundo, da Fundação Kant. Porque na minha pessoa vocês e eu vemos todos e todas que encarnamos esta utopia – ideal de vida e compromisso histórico. Concretamente, são Cidadãos do Mundo todos e todas que nos juntamos em defesa do “São Francisco – terra e água, rio e povo”, nos mobilizamos sobre um eixo de vida comum-unitária no pauperizado Semiárido brasileiro, nos dedicamos em resgatar a dignidade dos pobres exigindo com eles ativa e pacificamente a justiça e o direito, os mesmos que deveriam existir universalmente.

Busquei estes Cidadãos do Mundo na minha trajetória de vida nos últimos 40 anos, desde que atendendo ao chamado de Jesus no modo de vida proposto e testemunhado por Francisco de Assis, troquei o rico Sudeste do Brasil pelo empobrecido Nordeste. Encontrei-os nas comunidades e povos empobrecidos e resistentes dos sertões semiáridos do rio São Francisco.

Entendi que Cidadãos do Mundo aqui premiados são os pobres desta região, com quem tenho aprendido mais que ensinado a dignidade do trabalho, a alegria da partilha mesmo na maior carência, o cuidado com os dons da terra, das águas, das matas e dos animais, o direito às condições materiais e imateriais imprescindíveis a uma vida abundante e em paz. Por exemplo, os ribeirinhos lutadores pelo rio e por si mesmos – povo do rio – que encontramos entre 1993 e 1994 ao peregrinar por um ano pelas margens dos quase 3 mil km do terceiro maior rio do Brasil. Ou os habitantes do Semiárido que, apesar dos desmandos e corrupções, aprendem e ensinam a conviver com o clima, com as condições ambientais adversas.

Cidadãos do Mundo premiados pela Fundação Kant são também as incontáveis pessoas e entidades, muitas aqui na Alemanha, que se manifestaram solidárias aos movimentos de jejum e oração que fizemos, em 2005 e 2007, contra o Projeto de Transposição de águas do rio São Francisco. Entenderam nosso gesto: tal projeto sintetiza a falácia do sistema, pois em nome dos pobres sedentos pretende criar segurança hídrica para grandes empreendimentos privados de produção e exportação de produtos hidroitensivos e socialmente danosos, como a cana-de-açúcar para etanol.

Sempre me angustia a pergunta: por que temos que lutar contra, quando temos muito mais a favor para lutar? Mas, se é verdade que “um rio é como um espelho que reflete os valores de uma sociedade”, a nossa não vale o que bebe e come…

Resiste-se às evidências da falência deste modelo. No Brasil, com tantas dádivas da natureza, potencial extraordinário para servir a seu povo, à humanidade e ao planeta nesta hora grave, as crises econômica e ecológica têm sido encaradas até entusiasticamente como oportunidade de negócios lucrativos, numa postura cega, mesquinha e irresponsável. O atual governo, do Presidente Lula, frustrante das enormes expectativas da maioria que o elegeu, se presta a subsidiar a reprodução do modelo falido. O PAC, Programa de Aceleração do Crescimento (cerca de 178 bilhões de euros) prioriza obras de infraestrutura para o crescimento econômico a qualquer custo – até o desrespeito à lei, a povos tradicionais, a instituições do Estado.

No Brasil e em lugar nenhum, não cabe mais o crescimento ilimitado e obsessivo. É urgente mudar nosso modo de produção e nossos padrões de consumo, estabelecendo como critério a destinação universal dos bens necessários. Temos que aprender a “viver mais com menos”. Emergencialmente, ampliar iniciativas como a taxação de atividades destrutivas, do capital especulativo e dos grandes lucros, e o emprego destes recursos em programas de prevenção dos desastres ecológicos e apoio às vitimas da fome, da sede, das doenças e das mudanças climáticas.

* * * * *

Por fim, compreendidas e compartilhadas as razões de estarmos aqui, só tenho a agradecer. Como reconhecimento e reforço de nossa luta, veio em boa hora. Muitos – porque não entendem e minimizam o que está em jogo – já davam por perdido o embate desigual que fazemos. Feliz coincidência: esta semana começamos uma nova Campanha Internacional contra a Transposição do Rio São Francisco, cujas obras estão iniciadas pelo Exército Brasileiro. Lançada pelos 33 Povos Indígenas da Bacia do São Francisco afetados direta e indiretamente, exige consulta a eles e ao Congresso Nacional e respeito aos seus territórios, como manda a Constituição. Convido aos senhores e senhoras a se engajarem nesta Campanha de emails ao Supremo Tribunal Federal e às demais autoridades brasileiras.

Agradeço à Fundação Kant a oportunidade de todo este avanço da consciência e da luta. Associá-la à luta do povo palestino, na pessoa de Jeff Harper, mais a engrandece e aprofunda. Comunico que vamos destinar o valor econômico do Prêmio ao início das obras do Santuário dos Mártires em minha diocese. Cidadãos do Mundo, mais do que ninguém, foram eles que deram a própria vida à causa da Vida. Em vida tiveram sofrimento e dor, que descansem com dignidade e paz!

Agradeço a todas as entidades e pessoas que têm se dedicado abnegadamente à solidariedade com a luta popular no Brasil, em especial aquelas que organizam essa nossa visita à Alemanha e Áustria: KOBRA (Kooperation Brasilein), Missão Central Franciscana, Misereor, Adveniat, Kindam…, Casa do Mundo e Paróquia do Anjo da Guarda, em Graz (Áustria).

Anterior a Kant e à sua entusiástica proposta de uma “paz perpétua”, fundada no exercício do Direito da “comunidade universal”, Francisco de Assis, pai e mestre, quase 800 anos antes das atuais catástrofes sócio-ambientais, propunha a fraternidade universal como o caminho para a salvação de todos e glória do Criador.

A todos e todas minha saudação franciscana, e que ela soe como uma oração: PAZ e BEM!

(Ecodebate, 13/05/2009) publicado pelo IHU On-line, 12/05/2009 [IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails

Depoimento de Manoel Bibiano, prefeito de Iguatama, MG

Charge na "Gazzeta do São Francisco"

Charge na "Gazzeta do São Francisco"
Despedida de Nêgo Dágua e a Carranca - Juazeiro, BA

Depoimento de Roberto Rocha, Lagoa da Prata, MG

Localidades Ribeirinhas

Vargem Bonita / MG

Ibotirama / BA

Hidrelétrica de Três Marias / MG

Morpará / BA

Pirapora / MG

Barra / BA

Ibiaí / MG

Xique-Xique / BA

Cachoeira do Manteiga / MG

Remanso / BA

Ponto Chique / MG

Santo Sé / BA

São Romão / MG

Sobradinho / BA

São Francisco / MG

Juazeiro / BA

Pedras de Maria da Cruz / MG

Petrolina / PE

Januária / MG

Cabrobó / PE

Itacarambi / MG

Hidrelétrica de Itaparica - PE / BA

Matias Cardoso / MG

Hidrelétrica de Paulo Afonso / BA

Manga / MG

Canindé de São Francisco / SE

Malhada / BA

Hidrelétrica de Xingó - AL / SE

Carinhanha / BA

Propriá / SE

Bom Jesus da Lapa / BA

Penedo / AL

Paratinga / BA

Piaçabuçu / AL

Depoimento de Dom Frei Luiz Cappio, Bispo de Barra, BA

Principais Afluentes

Rio Abaeté

Rio Pandeira

Rio Borrachudo

Rio Pará

Rio Carinhanha

Rio Paracatu

Rio Corrente

Rio Paramirim

Rio das Velhas

Rio Paraopeba

Rio Grande

Rio Pardo

Rio Indaiá

Rio São Pedro

Rio Jacaré

Rio Urucuia

Rio Pajeú

Rio Verde Grande

Entrevista à TV Sergipe, Aracaju

Postagens mais populares