domingo, 12 de abril de 2009

Superação

Nós, seres humanos, buscamos, permanentemente, motivações para crescer, progredir, trilhar nossos caminhos sem esmorecer. A vida seria muito monótona sem desafios... apenas os silvícolas permaneceram estagnados em suas estruturas tribais ao longo da História, preservando os mesmos hábitos, as mesmas práticas, a mesma hierarquia social, agregando poucas novidades em seus costumes... e, mesmo assim, praticaram as guerras entre nações indígenas como forma de se expressar na posse de seus territórios e na proteção de suas famílias. E, acima de tudo, encontraram meios de sobreviver sem destruir a Natureza em seu redor!

Em nosso cotidiano fazemos escolhas, declaramos propósitos e crenças, estabelecemos objetivos, tornando mais desafiadoras as conquistas, acreditando em nossa evolução material, espiritual e intelectual. Criamos estruturas complexas para as quais estabelecemos regras e limites. Porém, superar limites, rompendo regras e padrões de comportamento sempre foi o desafio maior da vida.
Fazer essas escolhas heterodoxas sem romper os liames sociais, sem nos afastarmos das relações com a comunidade em que nos inserimos é o que nos diferencia dos marginais, dos delinquentes. Mas, de certa forma, nós aventureiros também somos seres marginais desta sociedade, na medida em que não nos enquadramos nos padrões convencionais de comportamento...
Se nossos objetivos são muito ambiciosos, precisamos quebrá-los em metas menores, factíveis dentro das limitações físicas, psicológicas e intelectuais a que estamos subordinados. Quando um aventureiro busca superar seus limites, ele se defronta com seus fantasmas mais apavorantes.
Se olharmos para o objetivo final, sem perceber as passagens intermediárias que o viabilizam, provavelmente não teremos sucesso em nosso empreendimento. Atingir o cume do Everest sem utilizar os acampamentos ao longo do caminho, e sem os cilindros de oxigênio seria impossível à maioria dos alpinistas que o conquistaram.
Se Shackleton não tivesse um objetivo maior de resgatar seus homens com vida, quando saiu em sua canoa em busca de ajuda, provavelmente ele teria sucumbido no caminho. Por isso, além das metas intermediárias, precisamos de motivações maiores, altruístas, verdadeiramente motivadoras...
Percorrer o rio São Francisco da nascente à foz, sem enxergar outras razões relevantes, seria tão absurdo quanto correr 42 km sem parar. Quando Milcíades convocou Fidípedes para buscar socorro ao exército de Dario, às portas de Marathon, sabia que seu soldado daria sua própria vida, como de fato fez, para o triunfo da Grécia em sua batalha. Se é apenas uma lenda, ou se aconteceu de fato, é irrelevante para a História desse povo fantástico, que tanto conhecimento legou à Humanidade. Se nossos maratonistas contemporâneos tem consciência ou não desse mito, pouco importa, pois cada corredor terá que encontrar suas próprias motivações para superar os seus limites e vencer a maratona.
Em minha jornada, cada curva do rio, cada cidade ribeirinha, cada acampamento será uma nova conquista, uma superação que me levará ao objetivo final. E meu propósito não será apenas percorrer esse rio fabuloso em toda a sua extensão; quero fazer alguma diferença, doar meus esforços às causas ambientalistas, aprender com as lendas e folclores, reconhecer as diferenças que tornam esse povo esquecido único em sua maneira de viver, enriquecendo a Nação brasileira com sua própria vida, ainda que poucos saibam de sua existência, de seus sonhos...
Superar meus limites a cada dia me aproximará de meu objetivo final. Legar a meus netos esta aventura através de meus relatos, será um forma de manifestar o meu respeito e amor à Natureza, e dar valor à vida que me foi concedida quando voltei a este mundo...

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