terça-feira, 21 de abril de 2009

Preservação Ambiental

Esta semana li uma obra de Jared Diamond, "Colapso", em que o autor analisa diversas civilizações que desapareceram devido às agressões extremas que fizeram ao meio ambiente, destruindo sua própria fonte de vida, por mais absurda que possa parecer essa idéia para nós. Grandes civilizações, como os Maias, e pequenas sociedades, como a dos povos da Ilha de Páscoa, dizimaram suas fontes de água, extinguindo as proteções oferecidas pelas florestas, e determinando assim o seu destino.

Hoje resta pouco mais da metade das florestas surgidas após a última glaciação. Algumas florestas desapareceram completamente nos países de "primeiro mundo"; outras estão em fase de extinção, como a Mata Atlântica, nossa maior reserva de biodiversidade, da qual só restaram 7% preservados. Mesmo assim, quem segue para o sul do estado de São Paulo, nas imediações do PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira), já percebe extensas áreas ocupadas por lavouras, nas encostas das montanhas, cujos vales sofrem intensa erosão.
Assim também ocorre com o nosso rio São Francisco, cujas matas de suas nascentes praticamente desapareceram, assim como as matas ciliares, hoje quase inexistentes. Essas matas reduzem a evaporação, mais intensa nas margens, onde o rio é mais raso e, portanto, suas águas se aquecem mais rapidamente. O mesmo acontece com as áreas das represas; calcula-se que 75% das águas do São Francisco se perdem pela evaporação.
As grandes barragens do Velho Chico, Três Marias, Sobradinho e Itaparica (Paulo Afonso, Xingó e  Moxotó) reduzem a velocidade das águas, favorecendo o assoreamento do rio, ou seja, a deposição dos resíduos transportados pelas águas (solos erodidos e dejetos da grande Belo Horizonte, despejados no rio das Velhas, afluente do São Francisco), diminuindo gradualmente sua capacidade de armazenamento. As represas também se tornam obstáculos intransponíveis para as espécies de peixes que dependem da piracema para reprodução.
A pesca predatória é outro grave problema para a preservação das espécies aquáticas. A população da bacia do São Francisco depende fortemente dessa fonte natural de proteínas para sua sobrevivência. Porém, com o desaparecimento das espécies mais procuradas, outras espécies de sua cadeia alimentar também acabam por se extinguir ou crescem descontroladamente, provocando o desequilíbrio de outras espécies, sucessivamente, e comprometendo toda a fauna.
Diante da gravidade desses problemas nos perguntamos o que nós, simples indivíduos dessa sociedade, poderíamos fazer para reverter esse processo perverso de devastação. A princípio nos parece uma missão impossível, um esforço inglório, uma luta perdida. No entanto, se nada for feito, a Natureza não terá possibilidade de sobreviver por muito tempo.
Pessoas influentes, poderosas, possuidoras de grande fortuna, ou exercendo importantes cargos políticos, poderiam reverter esse quadro com ações efetivas, tais como a promulgação de leis ambientais e a exigência de seu cumprimento, o investimento de grandes somas de dinheiro em ações preservacionistas, a defesa e o controle efetivo das áreas de preservação ambiental...
Mas o que nós poderíamos fazer?
Mudar os nossos hábitos de consumo já seria uma grande contribuição: gastar menos água, evitar produtos industrializados procedentes de áreas de preservação, não adquirir móveis produzidos com madeiras de lei, não consumir carne de animais silvestres, reduzir o consumo de energia elétrica, escolher produtos que utilizam fontes renováveis, desde que estas não sejam produzidas em áreas de desmatamentos (como a cana de açúcar e o óleo de soja), consumir menos carnes de gado bovino (emissores de gás metano, que contribui fortemente para o aquecimento global, da mesma forma que  o CO2 produzido pelos veículos automotores), reduzir o consumo supérfluo estimulado pelas propagandas capitalistas, ter uma vida simples!
E, sempre que possível, protestar, manifestar sua opinião, defender seu ponto de vista!
Vale reproduzir uma frase de profundo significado preservacionista: "A Terra não é uma herança recebida de nossos pais, mas sim um empréstimo concedido por nossos filhos!"

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