domingo, 15 de março de 2009

Metáfora da Vida

"Nascer, viver, morrer... renascer, ainda, e progredir continuamente... essa é a lei..." (Alan Kardec)

Parece que nossos destinos estão traçados pelo inexorável propósito do Universo em nos transformar...
Camões manifesta assim seu sentimento:

"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o Ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades."

"Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal, ficam as mágoas na lembrança;
E do bem, se algum houve, as saudades."

"O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E, em mim, converte em choro o doce canto."

"E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda mais como soía."

Existe uma metáfora perfeita para essa efêmera existência humana: os rios! Eles nascem, crescem pelo agregar de novas energias trazidas pelos seus afluentes, amadurecem e sofrem como os seres vivos, arrastam-se pelo espaço e pelo tempo, envelhecem e morrem, ao desaguar em outro rio ou no oceano, desaparecendo definitivamente...
Não importa a dimensão dessa existência: um pequeno córrego, um riacho, ou um gigante como o São Francisco, todos terão o mesmo destino, assim como nós, simples mortais, conscientes de nosso devir...
Mas toda vida tem um início que nunca se repetirá, uma trajetória que não pode ser reformulada, e um final que marcará sua passagem pela Terra... nem mesmo sabemos se alguma coisa restará desse rastro que deixou nossa jornada... um espírito? uma alma? uma evolução, ao menos, registrando nossa presença no Universo?
Para os rios, o tempo só pode ser dimensionado pelo fluir de suas águas, palas transformações que se processam em sua trajetória, pelos impactos que causará ao longo do caminho, nas vidas que dele dependem, nas rochas e solos que o sustentam, nos efeitos que causam no ecossistema, que vive em função dessa presença quase eterna para os limitados valores humanos...
No entanto, para os rios, lá está, permanente, seu passado, seu presente e seu futuro... na nascente, é apenas um embrião, um feto, uma criança que se forma e vem à luz, pura e cristalina... no seu curso está a experiência, os fatos que o transformam e que constroem sua identidade, única a cada momento; na degradação, na interferência humana, seu crescimento, seu envelhescimento, o seu destino, enfim... e na foz está selado o seu ocaso...
Mas, ao contrário dos seres vivos, o rio nasce e morre a cada instante, simultaneamente, em todo o seu existir, refazendo a história, conforme às transformações que se processam ao seu redor... e essa história não se repetirá nunca, mesmo que seu nascimento e morte sejam eternos, e seu curso e sua morte ocorram incessantemente...
Seria essa a razão do existir?

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